Opinião

Meu filho não come (parte II)

A familiaridade com o alimento é determinante no seu consumo. Estranhamos comida nova, salvo raras pessoas que são naturalmente curiosas. Conhecer, tocar, amassar, cheirar, saber de onde vem, como cresce, onde se compra, como se prepara, cozinhar receitas gostosas e bonitas que inclua justo aquele alimento que a criança vem recusando, ver outras pessoas comendo aquele alimento com prazer, preparar o mesmo alimento de diferentes formas, texturas, colocar fruteiras coloridas e bonitas à vista (e ao alcance) da criança, pratos bem coloridos e divertidos, “desenhando” com os alimentos e histórias sobre e com alimentos e por aí vai. Em casos de recusa de alimentos, o mais importante é reagir com “leveza emocional” diante da circunstância. Ou seja, com a mesma naturalidade com que a criança recusa uma brincadeira. E seguir oferecendo os alimentos recusados em outros momentos e de diferentes formas (diferentes receitas e formas de apresentar), mesmo que a criança recuse inúmeras vezes.  Oferecer não é insistir, distrair, forçar ou obrigar a criança a comer. Nunca obrigue seu filho a comer, jamais, por nenhum método e em nenhuma circunstância. Comparações, recompensas, castigos, “chantagens” emocionais com alimentos e com os comportamentos alimentares da criança são totalmente desaconselháveis por interferir negativamente na formação de bons hábitos alimentares e de relações saudáveis com a comida. Discursos ou explicações racionais sobre a salubridade de determinado alimento ou grupo alimentar também são desaconselháveis, especialmente para a criança com menos de 6 anos. Histórias lúdicas com o alimento são sim bem vindas. O reforço positivo funciona como estímulo para uma refeição feliz com a criança. Sorrisos, elogios, comentários positivos e com orgulho sobre a hora da refeição valem ouro. Mesmo pequenos progressos merecem um incentivo, como por exemplo a autonomia em segurar uma colher, quando a criança tem coragem de experimentar um alimento novo, ainda que ela acabe não gostando dele. Fotos ou filminhos do seu filho comendo alimentos nutritivos também ajudam na construção de comportamentos saudáveis. Só não vale presentes ou prêmios como recompensa quando a criança comer, pois essa estratégia pode desencadear muitos problemas futuros. Evitamos elogios sobre o que comer e sim reforçamos o bom comportamento à mesa. Não queremos crianças que acreditam que a hora da refeição é um espetáculo para os pais. Por fim, sabemos que o consumo de açúcar, frituras, sucos artificiais ou em caixinha, refrigerantes, balas, salgadinhos, biscoitos, guloseimas e outros produtos com grandes quantidades de açúcar, gordura, sal e corantes interferem enormemente na formação do paladar. Estes alimentos devem permanecer escondidos ou, melhor ainda, nem fazer parte do armário da cozinha de casa. Para crianças com menos de 2 anos, não há quantidade segura desses produtos para ser indicada. Para crianças com mais de 2 anos, muita moderação no consumo desses produtos é recomendada. Não oferecer com frequência e, caso ofereça, limitar a quantidade que a criança vá consumir. Comida natural é sempre mais nutritiva.

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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