O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) voltou a se opor à determinação judicial que impôs uma quarentena coletiva no Município como forma de conter a disseminação de forma acelerada da Covid-19.
Em entrevista à CNN na manhã desta sexta-feira (10), Emanuel disse que Cuiabá está sendo “demonizada”, enquanto municípios do interior do Estado – que representam o maior percentual de casos da doença – continuam com atividades quase que em sua normalidade.
“Nenhuma medida é descartada com objetivo de proteger a saúde e a vida das pessoas. Agora, do ponto de vista político, há a conscientização de que precisamos não sobrecarregar e não demonizar Cuiabá. Decisões judiciais estão sendo tomadas sem nenhum respaldo técnico”, disse.
“São determinadas medidas para a Capital e região metropolitana e deixam aberto todo o interior, inclusive, tendo mais de 30 municípios com situação de ‘risco muito alto’ de contaminação. É injusto querer trancar a população cuiabana em casa e abrir o interior inteiro”, emendou.
Na oportunidade, ele voltou a alegar “invasão da competência” na decisão do juiz José Luiz Leite Lindote, da Vara Estadual da Saúde de Mato Grosso, que determinou o “fecha tudo” na Capital e em Várzea Grande.
Na última quinta (9), inclusive, o magistrado atendeu a um pedido do Ministério Público e prorrogou a quarentena por mais 7 dias. A medida já vigora em Cuiabá e Várzea Grande desde o último dia 25.
“[Determinar o isolamento apenas na região metropolitana] é claro que vai sobrecarregar o sistema de saúde. Tenho lutado na Justiça não contra medidas restritivas, mas contra a invasão de competência daquilo que é do Município”, disse o prefeito.
Ocupação em UTIs
Ainda durante a entrevista, o prefeito expôs dados a respeito da incidência do vírus em Mato Grosso.
Segundo ele, Cuiabá, que no início da pandemia chegou a representar 73% dos casos de Covid-19 no Estado, caiu para 24%.
Emanuel citou, ainda, números a respeito da ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) nos leitos sob responsabilidade do Município.
“Ontem, fechamos só nos leitos exclusivos de Covid que a Prefeitura disponibiliza (95 ao todo) em 60% de ocupação de pacientes do interior do Estado e 40% de Cuiabá. E tenho certeza que não é muito diferente na rede privada e nos leitos de gestão estadual”, disse.
“A sobrecarga é uma situação conhecida na nossa região. Com a pandemia, a desestruturação e a falta de apoio no interior do Estado, a situação se agravou. São dados do Ministério da Saúde: a grave interiorização do vírus no interior está sobrecarregando a Capital”, concluiu.