Um trabalho conjunto da Gerência Estadual de Polinter e Capturas (Gepol) e pela delegacia da Polícia Civil de Poconé (100 km de Cuiabá-MT) resultou na prisão de uma mulher foragida da Justiça, de 45 anos, nesta segunda-feira (25). Ela foi condenada a 17 anos e 6 meses de prisão por integrar uma quadrilha responsável por vários assaltos ocorridos no município.
Após diversas diligências investigativas para localizar o paradeiro da fugitiva, a polícia conseguiu encontrar a criminosa na cidade de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia (GO), onde teve o seu mandado de prisão cumprido.
Crimes do Novo Cangaço
A mulher foi apontada nas investigações, juntamente com seu marido, por dar apoio material à quadrilha de ladrões de bancos que, em 13 de fevereiro de 2004, assaltou as agências do Banco do Brasil, cooperativa Sicoob Pantanal e a Casa Lotérica de Poconé. Os crimes foram praticados pelo bando na modalidade "Novo Cangaço" e levou pânico à população da pequena cidade.
O grupo, de aproximadamente dez criminosos, assaltou os locais usando violência e grave ameaça a moradores. Durante o roubo, os integrantes da quadrilha fizeram disparos de forma aleatória utilizando armamentos de diversos calibres, entre eles de uso restrito das Forças Armadas e também armas de guerra como de calibre 7.62, modelo russo AK-47, fuzil americano AR-15, pistolas semiautomáticas calibre 45 e escopetas calibre 12 para amedrontar os moradores.
Durante o crime em Poconé, os assaltantes fizeram como reféns dois policiais militares, que foram algemados e colocados na carroceria de um veículo e partindo em direção às agências bancárias atacadas. Depois de render funcionários e clientes das agências, o grupo levou todo o dinheiro existente. Na fuga, ainda roubaram uma caminhonete Ford Ranger, posteriormente, incendiada sobre a ponte do rio Bento Gomes para impedir que fossem perseguidos.
Diário dos crimes
Os criminosos chegaram a Poconé em uma camionete Hilux, que foi roubada dias antes em Cuiabá, pelo marido da mulher presa nesta segunda-feira. Ele foi reconhecido e passou a ser investigado no caso do assalto. Os integrantes do bando frequentavam a residência do casal no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, e lá se reuniam para arquitetar e praticar novas ações. A residência servia de apoio ao grupo criminoso.
Em outra casa alugada pelos membros da quadrilha no bairro Pireneu e também em Várzea Grande, uma batida policial localizou armas longas de diversos calibres, fuzis, capuzes, farta munição e granadas de mão (artefato explosivo de alto poder destrutivo).
O marido da mulher presa também foi apontado como envolvido no sequestro de uma estudante de direito de 24 anos, ocorrido em julho de 2005, em Teresina, capital do Piauí.
A mulher mantinha um diário em que eram minuciosamente descritos os roubos praticados pelo grupo de assaltantes, que agiam em diferentes estados. Conforme a agenda mantida por ela – e apreendida pela polícia – constavam narrativas detalhadas sobre os roubos praticados, inclusive o da camionete tomada de assalto pela quadrilha, em Cuiabá. Na agenda havia ainda recortes de jornais, com notícias sobre o roubo cinematográfico realizado em Poconé, que eram mantidos como troféus. Nas anotações foram encontrados nomes e apelidos de integrantes e ex-integrantes do bando.
Outro companheiro
Durante as investigações realizadas para a prisão da foragida, os policiais da Polinter descobriram que ela atualmente mantinha relacionamento com outra homem, declarando ser companheira de outro assaltante de bancos, um dos mais procurados do País e preso em uma unidade do Sistema Penitenciário de Goiás. O atual companheiro da mulher era líder de um dos maiores grupos de roubos na modalidade Novo Cangaço, com ações identificadas em vários estados do Centro-Oeste e Nordeste do País.
Em julho de 2013, o homem que já era foragido da justiça, foi preso em uma operação deflagrada pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais de Goiás, quando também foram presos 12 integrantes do grupo que realizavam lideradas por ela.
A organização criminosa da qual a mulher fazia parte em Mato Grosso possui mais de 30 integrantes, a maioria criminosos conhecidos como “Novos Cangaceiros”, cuja atuação se caracterizava pela extrema violência no roubo a agências bancárias, sitiando cidades do interior dos estados e fazendo uso de armamento pesado.