Terra Brasilis!
Este foi o nome escolhido para o “programa de índio”, expressão aqui utilizada com sentido positivo, sem quaisquer conotações preconceituosas. Batizado por José Eduardo em meio a uma acirrada escolha. A justificativa do indigenista fundamentou-se em dois argumentos: por soar brasilidades e por ser homônimo desta coluna do Jornal Circuito Mato Grosso, onde escrevo crônicas semanais desde 2012. Pelo whatsapp, Geremias dos Santos, diretor da emissora de rádio, fez parte desse momento, não propriamente com um “candidato” em mãos, mas instigava-me a apresentar um nome mais impactante.
Terra Brasilis entrou no ar na Rádio Comunitária FM 105.9 em 22 de novembro de 2017, às 10h15, Inicialmente apresentado por mim e Thays Oliveira Silva, Assistente Social, a programação daquela manhã de quarta-feira foi previamente pensada, estudada e lapidada por nós, em encontros em minha residência. Terra Brasilis convidava os ouvintes por uma vinheta, chamada de curta duração que impingia um elemento de identidade indígena ao programa com a canção: Nozani-ná.
Nozani-ná é uma composição musical da etnia Halíti, mais conhecida por Paresí, habitante de 10 Terras Indígenas na Amazônia Legal, Oeste de Mato Grosso. Falante de uma língua do tronco Aruak (dialetos Wáymare, Kozárene, Kaxíniti ou Kazíniti, Warére e Káwali), além da portuguesa, foi pelo contato efetivado por Cândido Mariano da Silva Rondon que se obteve um maior conhecimento da localização de sua população na Chapada dos Parecis, abrangendo o rio Arinos e cabeceira do Paraguai até as cabeceiras do Guaporé e do Juruena.
Os ouvintes da Rádio Comunitária CPA 105.9, que abrange a grande Morada da Serra, com uma população estimada em 150 mil habitantes, com Nozani-ná, eram convidados a ouvir a sua programação semanal de Terra Brasilis. A escolha da composição musical como vinheta do programa ausentou-se de dúvidas diante ao imenso repertório musical dos povos indígenas, infelizmente uma raridade nas rádios.
A canção Nozani-ná, na versão de Milton Nascimento e Marluí Miranda, foi a selecionada, já que existem as de Heitor Villa- Lobos, recolhida por Edgard Roquette-Pinto em princípios da década de 1900, Cristina Maristany e Alceo Bocchino, Wilson das Neves e conjunto, dentre outros. Os indígenas da etnia Paresí se reúnem para beber olóniti, bebida à base de polvilho extraído da mandioca brava, para dançar e cantar seus modos de viver, também originárias de seu repertório mítico.
Nozanina na óre kuwakuwa
Kaza ete ete
Nozanina na óre kuwakuwa
Nozaha nina terá haran han
Olo niti miti
Totera ha
Koke koza toza
Hono pera pera
Tena kiya kiya
Ehe hema hema
Luai lalo lalo
Liya halo halo
(continua na próxima semana)