Um laudo entregue à Justiça aponta que o sobrinho que matou e arrancou o coração da tia tem transtorno afetivo bipolar e não possui condições de viver em sociedade . O crime ocorreu em julho do ano passado, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá.
Maria Zélia da Silva, de 55 anos, foi morta a facadas dentro da própria casa, no Bairro Vila Bela, pelo sobrinho Lumar Costa da Silva, de 28 anos. Ele ainda levou o coração da vítima e o entregou para uma filha dela.
Lumar foi ouvido por duas horas durante exame de perícia médica feita na Politec, em Cuiabá. Ele foi acompanhado do pai, Gilmar Costa da Silva.
De acordo com o laudo médico, feito por uma psiquiatra, Lumar tem insanidade mental. A médica recomenda que o suspeito seja encaminhado imediatamente para tratamento psiquiátrico vitalício devido aos transtornos.
O transtorno caracteriza-se por episódios repetidos de alterações no humor do paciente, nos quais os níveis de atividade dele ficam perturbados.
A pessoa passa por elevação do humor e aumento de energia e atividade, chamado como mania ou hipomania e, em seguida, sofre sintomas de depressão.
A psiquiatra aponta ainda que os transtornos de Lumar tem relação com as agressões sofridas na infância.
Nas declarações durante o exame, Lumar afirmou à médica que foi agredido verbalmente e fisicamente, principalmente pela mãe dele, durante a infância. Ele disse ainda que, por diversas vezes, a mãe o agrediu durante o banho, batendo a cabeça dele contra a parede, e que ela já chegou a quebrar dois cabos de vassoura no corpo dele.
Lumar também declarou que as ofensas eram muito comuns. A mãe dizia que "ele não era ser humano" e "que ele não prestava".
Ele também afirmou escutar "vozes do 'universo" que diziam que ele era uma pessoa escolhida por Deus e tinha "super poderes". O homem contou que foi demitido do trabalho após muitas alterações de humor e brigas com colegas de serviço.
Lumar disse que estava sob efeito de drogas e não tinha noção do que era realidade e do que era fantasia.
O caso
O sobrinho tinha se mudado para Mato Grosso há quatro dias depois de tentar matar a mãe dele em Campinas, São Paulo. O delegado André Ribeiro classificou rapaz como 'repugnante, monstro e perturbado'.
De acordo com a Polícia Civil, Lumar chegou a Mato Grosso no dia 28 de junho para morar com a tia. No mesmo dia que chegou o rapaz entregou currículos na cidade. A família diz que ele é considerado uma pessoa inteligente e fala duas línguas.
No dia 10 de julho do ano passado ele prestou depoimento na Polícia Civil e, ao sair, afirmou à imprensa que ouviu 'vozes' do universo que o orientaram a cometer o crime. Ele confessou o crime e disse não estar arrependido.
Oito dias depois ele foi transferido para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira (conhecida como Ferrugem), em Sinop, a 503 km da capital. Durante a transferência, Lumar foi flagrado por um agente tentando enforcar outro preso dentro do camburão onde eles eram transportados.