Política

Partidos nanicos vão de financiamento individual a fusões pela sobrevivência

Partidos pequenos em Cuiabá estão à caça de projetos alternativos de financiamento e publicidade de campanha para 2020. Mas, o corte do Fundo Partidário para alguns e a proibição às coligações para todos não obrigam a mudança total da estrutura.  
 
O DC (Democracia Cristã) apostará em um modelo de financiamento próprio do pretendente a vereador. Mantém-se a estrutura partidária para o suporte secundário, mas o dinheiro mesmo para divulgação de campanha sairá do próprio candidato. 
 
“É um modelo que a gente já adotou antes, e a nossa estratégia para este ano será a mesma. O candidato ficará responsável pela arrecadação do dinheiro para sua campanha, podendo receber doação e o partido estará por perto para oferecer outros tipos de apoio”, diz o presidente do diretório em Cuiabá, Alexandre Varnei. 
 
O DC ganhou mais espaço na mídia na eleição presidencial de 2018, no bojo de outros grupos com discurso inovação política, como o MBL (Movimento Brasil Livre). A crescente popularidade na época do então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, com discurso semelhante, impulsionou esses grupos. 
 
O PCdoB (Partido Comunista do Brasil) já é conhecido dos eleitores há alguns anos, mas não conseguiu decolar como representante político em Cuiabá.  O caminho seguido pelo diretório municipal foi unir-se ao PPL (Partido Pátria Livre) para alcançar quota de representatividade no Congresso Nacional e garantir fatia do Fundo Partidário. 
 
“O PPL fundiu ao PCdoB em maio do ano passado, com isso não conseguiu bater a cota de representação e recuperar o Fundo Partidário. Como nós não tinha a cota para manter o fundo, precisamos encontrar uma alternativa para financiarmos o partido”, explica o secretário-geral Mirando Muniz. 
 
O que os dois partidos, de cunhos ideológicos distantes, têm em comum são a cláusula da barreira e a proibição de alianças das legendas para eleição ao Legislativo (câmaras municipais e federal).  
 
A primeira foi aprovada no fim de 2018 pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e suspende o pagamento Fundo Partidário, verba pública fatiada pelos partidos para a manutenção própria, para aqueles que não atingirem 5% do voto nacional. Além do corte de verba, eles ficam sem direito a espaço na TV e no rádio. 
 
Já o fim das coligações está previsto na emenda constitucional 32/2017. Os partidos somente poderão se unirem em aliança para eleger candidatos aos cargos majoritários (prefeituras, governos e Presidência).

Canais alternativos e jogo político

O Fundo Partidário garantia certa autonomia financeira aos grupos políticos para decidir pelos seus candidatos. Quando o dinheiro era considerado insuficiente, eles uniam-se entre si para aumentar o caixa via fusão de fatias. 
 
DC e PCdoB dizem que mantêm o interesse de ter candidatura própria em 2020 e veem as redes sociais como o maior veículo para divulgação das campanhas. São canais de custo menos alto, ou até gratuito, e têm administração própria pelos candidatos. 
 
“Acho que as mídias sociais vão pesar muito nas eleições deste ano. Você fica em contato direto com o eleitor, nem tem o intermediário de marqueteiro. Isso significa que se tem menos gastos, e voluntários poderão ajudar administrar a rede”, comenta Alexandre Varnei. 
 
Miranda Muniz aponta para outro aspecto do uso das mídias, que está sendo forçado pelos fins da verba pública e dos espaços nas mídias tradicionais. A possibilidade de construir um discurso que afaste os partidos com ideologias semelhantes, mas com avaliações acopladas pelo eleitor. 
 
“Vale ressaltar que a cláusula da barreira irá beneficiar os partidos grandes, que receberão as maiores fatias. Mas, essa busca por caminhos alternativos também pode contribuir para se ter uma conversa mais clara com o eleitor. Servirá para o partido dissipar dúvidas criadas por uma possível ligação do partido A ao partido B”. 

 As legendas passariam a ter importância capital para o resultado nas urnas, visto que os votos nelas contarão para a eleição dos vereadores.  
“O eleitor pode não lembrar no número do candidato, mas lembrar do número da legenda. Quando ele é registrado servirá para eleger vereadores do partido. E isso é um caminho para agregar votos, se somarmos o voto no candidato”. 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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