Opinião

Tinha que ser?

Saindo mais uma. Da ponta dos dedos ávidos para riscarem o caderninho com a BIC dourada que ainda guarda resquícios de seu sotaque francês.

Foi de lá que ela veio e se pergunta como, com tantos assuntos em pauta, a autora do Sem Fim tem tempo para ficar fazendo a árvore genealógica de uma simples e humilde (dourada, tudo bem) caneta.

Me apresso a explicar que sou fiel aos meus apegos e valorizo quem me acompanha e não me deixa na mão. Cultivo amizades com quem escreve, a  BIC dourada, e com quem recebe e acolhe as palavras, os caderninhos. Desses, diga-se de passagem, falo sempre. Especialmente ao me despedir amorosamente dos que, preenchidos, estão a caminho da estante das memórias.  Narradas nas crônicas que, confesso, já perdi a conta.

Gosto de coisas novas. Mas me apego a cangas, tênis, óculos e biquinis. Alguns objetos com que, por força do uso, adquiro intimidade. Tento honrar meus companheiros de jornada nos dias bons e nos não tão felizes.

Quer saber? Melhor falar deles do que tentar analisar os acontecimentos.

Queria começar a semana sem precisar registar quem, do alto de sua sabedoria e especialização na realidade pedagógica e educacional do Brasil (sim, o país daquela educação que está na lanterna dos indicadores de excelência… do mundo!), promove o fim da TV Escola e chama Paulo Freire de “energúmeno”.

Com essa bola passando rente a rede só resta enterrar, sem direito a bloqueio, levando ao ponto inquestionável. Que exemplo nos dá com os resultados alcançados por sua prole erudita?

Também adoraria deixar passar o papelão da comitiva ambiental oficial na COP 25. Vergonha perde só para o “êxito” da estratégia do ministro que bagunça o coreto, atrapalha a cúpula, pede dinheiro sem dar garantias e sai do encontro sem um centavo furado. Não foi pior porque o país se fez representar por lideranças e instituições historicamente reconhecidas por atuações relevantes no contexto mundial das mudanças climáticas.

De protagonistas do processo passamos a lanterninhas mequetrefes e mentirosos no quesito ambiental enquanto quase batemos as mil praias atingidas pelo óleo que avança rumo ao sul pelo litoral brasileiro. Apresentamos ao mundo a liberação para a plantação de cana e produção de etanol no pantanal na bacia do alto Paraguai e… na Amazônia! Entre outras proezas.

Enquanto isso, representantes de Mato Grosso acompanham a agonia política de um fenômeno eleitoral encurralado por seus comprovados crimes eleitorais.

E tinha que ser, para nos matar de vergonha, mulher!

Demora tanto para que uma representante do sexo frágil consiga despontar no cenário federal político mato-grossense… Quando aparece já faz logo um strike de burradas (para ser boazinha e maternal é que classifico os crimes da juíza aposentada de forma tão amena). Afinal, os sinais eram claros já ao primeiro ato: jogar a responsabilidade de sua inabilidade política nas costas de uma sequência de marqueteiros que passaram por sua meteórica e atribulada ascensão eleitoral.

Tenho sérias restrições a quem não assume e se responsabiliza por seus atos. Sabe aquele tipo de gente que sempre acha que a culpa é dos outros, capaz de encontrar as justificativas mais estapafúrdias para seus erros e defeitos?

Isso depois de arvorar para si um codinome “de saias”. Foi tanto tempo disparando regras e preconceitos e sendo aplaudida pela plateia deslumbrada que faltou o essencial: estudar e cumprir a lei!

Condenada por unanimidade em Mato Grosso, no upgrade para o STF achou que virar sua metralhadora giratória para a corte e pedir carona na capa do Super Homem poderia poupa-la do cadafalso. Não deu. Tomou um vareio incontestável e perdeu o mandato. Depois, para ficar mais feio e fechar com chave de ouro o conjunto patético da obra, o baú foi fechado com um “áudio juramento” com direito a palavras de baixo calão. E por que não?

Quer saber? Tem o que merece quanto a punição criminal no âmbito da justiça eleitoral. Mas ainda falta. E se a justiça existe, será obrigada a ressarcir os cofres públicos do meu, do seu, dos nossos impostos, pela eleição invalidada.

O próximo passo é coloca-la no panteão inglório como única senadora eleita por Mato Grosso caçada por justíssimas causas.

Tinha que ser mulher?

 

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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