Opinião

A Pirralha Greta

Nossa memória não é confiável. Ela costuma algumas vezes nos pregar peças garantindo-nos termos essa ou aquela opinião no passado remoto sobre esse ou aquele assunto que os fatos desmentem.
Quando afirmamos, por exemplo, que participamos de determinado evento e os fatos mostram que naquele momento estávamos em outro lugar, não estamos necessariamente mentindo. É que narrativas do evento em questão feitas pelos que dele participaram vão incrustando em nossa mente e depois são resgatados não como histórias ouvidas, mas como experiências vividas.
Comumente quando queremos dar exemplos aos mais jovens costumamos afirmar que na idade deles tínhamos mais responsabilidades e menos privilégios, o que nem sempre é verdadeiro.
Mas nossa memória nos garante que não estávamos preocupado com o futuro do mundo quando tínhamos 13 ou 14 anos de idade, como acontece agora com a garota Greta Thunbergh de 16 anos, que começou a temer pelo fim da terra antes dos quatorze.
Vejo-a agora, na idade em que suas colegas estão sonhando com um romance juvenil e usando as redes sociais para falar de coisas triviais como convém aos adolescentes, preocupada com o futuro do universo. Seus admiradores talvez não saibam que isso é uma provável consequência da síndrome de asperger, transtorno dentro do espectro autista que a acomete.  A Síndrome de Asperger afeta a forma como os seres humanos percebem o mundo.  Crianças com este transtorno veem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente de outras pessoas. Muitas vezes elas acham que os sintomas dessa síndrome são um traço fundamental da própria identidade.
Só esse transtorno justifica a hostilidade da menina Greta, totalmente imprópria para uma criança de sua idade ao denunciar ao mundo que “roubaram sua infância”. Em contraste com a falsa maturidade da menina sueca, que podemos atribuir ao mal de asperger, aparece a verdadeira infantilidade da imprensa, da ONU e de grande parte da população que, na falta de um Messias religioso para salvar-nos, elege uma criança para livrar o mundo dos “capitalistas que querem destruí-lo”. Infantis também são o Trump e o Bolsonaro dispondo-se a “brigar” com uma pirralha (no bom sentido, claro) através da imprensa e com essa atitude dando-lhe manchetes no mundo inteiro.
A imprensa – com a Revista Time puxando do coro – louva a precocidade da Greta que discute com os “destruidores” do planeta através das mídias sociais, sem se dar conta que essa dita precocidade vem da síndrome que ela tem. Assim, replicando os ataques,
contra-ataques e respostas, expõem uma criança a discussões ásperas com caciques da política mundial. Os adultos que parecem crianças, elegeram uma criança que se diz madura para salvar a humanidade do fim “trágico” que se aproxima e dessa forma irresponsável expõem uma pirralha com pose de experiente a uma agenda imprópria à sua tenra idade. Os riscos são grandes: a criança pode ter a personalidade afetada, e o mundo afundar ainda mais nas previsões catastrofistas que prosperam por aí.
O problema é que a pregação da garota sueca é um evento efêmero, mas a criancice das pessoas parece uma tendência duradoura e progressiva.

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor
renato@hotelgranodara.com.br

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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