A CPI da Santa Casa aponta nepotismo e supersalários nas causas da dívida do hospital filantrópico, que suspendeu as atividades do hospital no início do ano por causa de dívida de acima de R$ 100 milhões.
O relatório da conclusão da investigação, apresentado nesta quinta-feira (14), diz que “muitos funcionários” da Santa Casa são parentes de membros da diretoria e tinham tratamento privilegiado nos contratos assinados.
São citados dois ex-presidentes do hospital, Antônio D'Oliveira Gonçalves Preza, que teria contratado irmã, filha e primo, e Luís Saboia que empregou a mulher. Saboia voltou à gestão do hospital com o afastamento dos titulares em abril pela sociedade mantenedora. A CPI pede o indiciamento dos dois médicos.
“Além de tais funcionários serem pagos antecipadamente, recebiam em média salário cerca três vezes maior do que o valor do mercado, que chagava ao absurdo valor de R$ 15 mil a R$ 20 mil, entre eles, três sendo parentes do ex-presidente Antônio D'Oliveira Gonçalves Preza (sendo irmã, filha e primo), além da esposa do ex-presidente Saboia”.
O relatório da CPI acrescenta que os privilégios pagos aos parentes de dirigentes geraram prejuízos à Santa Casa e estão dentre os principais motivos para formação do déficit que levou à insolvência.
“Essas supostas irregularidades (nepotismo e altos salários) geraram um impacto negativo financeiro para a entidade, sendo umas das principais causas do déficit, o que pode ter ocasionado o descontrole na aplicação dos recursos recebidos, consequentemente, contribuindo para o fechamento da filantrópica”.
Mais pagamentos, menos trabalhadores
A CPI aponta ainda que a Santa Casa tinha mais funcionários que o previsto no planejamento financeiro para quitar a folha de pagamento. No entanto, a quantidade era insuficiente para prestar atendimento adequado.
O relator da investigação, vereador Luis Cláudio (PP) não relaciona o fato com os salários triplos recebidos pelos parentes dos presidentes do hospital, mas inclui o “inchaço no quadro” dentre as causas do aumento da dívida. Segundo ele, havia mais contratados do que funcionários que entravam na escala de serviços.
“É possível visualizar que tais irregularidades se deram em razão do excesso de contratação de funcionários. Percebeu-se que o número de empregados contratados era superior aos que efetivamente prestavam serviços para a Santa Casa, lembrando que, apesar do grande número de funcionários, o atendimento era insuficiente para atender a demanda de pacientes”.