Organizadores do bingo na paróquia de Campos de Júlio (692 km de Cuiabá) negam que a professora universitária Lisanil Conceição Patrocínio Pereira foi retirada do evento por motivos políticos. Ela estaria embriagada e com comportamento alterado quando entrou no local, no fim de semana, e teria começado a incomodar quem acompanhava a celebração alusiva a Nossa Senhora Aparecida.
Conforme a paróquia, pedidos foram feitos para que a professora se retirasse do local, mas ela não atendeu, então, a Polícia Civil foi chamada para intervir na situação.
O episódio ocorreu na noite do último sábado (12), num pavilhão da igreja católica de Campos de Júlio. Um vídeo gravado por participantes do bingo mostra a professora Lisanil Conceição Patrocínio Pereira em cima de um palco, de onde o evento era conduzido, fazendo gestos com os braços como se pedisse para encerrar o evento.
Logo em seguida, ela é rodeada por cinco homens, três deles usando camisetas vermelhas com o nome da paróquia, no momento em que faz gestos mais enérgicos. É segurada pelos braços e tenta sentar sobre o palco; é levantada pelas pernas e pelos braços e depois deitada. A professora foi retirada do local, em direção à delegacia, algemada.
A acusação de motivação política para o ato veio de camiseta que a professora Lisanil Conceição Patrocínio Pereira usava com as frases “Lute como uma mulher” e “Lula livre”. A versão foi apresentada em nota da Adunemat (Associação dos Docentes da Universidade de Mato Grosso), a quem a professora disse que sofreu “truculência” e “atos excessivos”.
“Que crime a professora cometeu? Que periculosidade tinha uma mulher sozinha, desarmada e sem qualquer habilidade física para enfrentar os brutamontes que a atacaram? O que justificou tamanha violência senão o ódio às mulheres consideradas perigosas por serem autônomas e por terem posição política e a coragem de enfrentar um estado ainda patriarcal e violento?”, diz nota da associação.
O episódio gerou manifestações dos deputados Lúdio Cabral e Valdir Barranco, ambos do PT, contra o que eles avaliam como atos de violência. Os parlamentares usaram a tribuna, na sessão de ontem (15), para protestar.
Em nota, a Polícia Civil informou que a professora foi detida e autuada por perturbação do sossego, desacato e resistência. A polícia deu uma versão semelhante à dos organizadores do bingo de que a docente estava embriagada; ainda negou que o caso tenha viés político. Lisanil Conceição Patrocínio Pereira pagou fiança de R$ 2,5 mil para ser solta na segunda-feira (14).
