Um frigorífico do ex-senador Cidinho Silva é citado dentre as empresas que teriam pagado propina a agentes de fiscalização sanitária, fraude investigada na quarta fase da Operação Carne Fraca deflagrada nesta terça-feira (1º) pela Polícia Federal.
Conforme documento do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, autor da investigação prévia que levou à operação, o fiscal é Davy Marcelo de Matos Gregório, hoje funcionário da empresa BRF. À época da suposta fraude,Davy trabalhava para Prefeitura de Nova Mutum (265 km de Cuiabá) como médico veterinário licenciado pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) vinculado ao Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Ainda conforme o Ministério Público, para registrar o repasse indevido de dinheiro transferido pela BRF, o veterinário fez cadastro de pessoa jurídica, onde se passou a ser depositadas quantias não reveladas. Esse dinheiro era entregue em espécie ao agente.
“Enquanto funcionário ligado ao SIF, Davy recebeu indevidamente pagamentos da BRF através de interposta pessoa jurídica. Para tanto o fiscal constituiu a D. M. de Mattos Gregorio ME, percebendo então valores que antes lhe eram pagos em espécie”, diz trecho do documento do MPF.
O frigorífico União Avícola, em Nova Marilândia (392 km de Cuiabá), do ex-senador Cidinho teria ações emparelhadas à BRF, incluindo o pagamento de serviços prestados pelo agente fiscal. O Ministério Público cita como materialidade dos pagamentos e-mails trocados entre funcionários da BRF com citação a “encontro de contas” da empresa com a União Avícola.
O pagamento por “serviços supostamente prestados à União Avícola, que lhe pagava e era compensada em encontro de contas com a companhia BRF”.
Ao Circuito Mato Grosso, o ex-senador Cidinho disse que não conhece o fiscal citado na investigação e também que não tem informações sobre ele ter trabalho próximo à planta do frigorífico.
“Não há registro sequer de que o agente tenha trabalho perto da empresa da gente, eu não sei de onde saiu essa conexão. Também não conhece o sujeito. Agora, é aguardar para que a Justiça esclareça o que está acontecendo”.
Operação
A Polícia Federal deflagrou a quarta fase da Operação Carne Fraca em nove Estados – Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Cerca de 280 policiais federais estão cumprindo 68 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1º Vara Federal de Ponta Grossa (PR). Em Mato Grosso ocorrem diligências Cuiabá, onde o escritório da União Avícola foi alvo, Nova Mutum, Mirassol D’Oeste e Nova Marilândia – e em outros oito estados do Brasil.
A ação visa apurar crimes de corrupção passiva praticados por auditores fiscais agropecuários federais em diversos estados, em benefício de grupo empresarial do ramo alimentício, que passou a atuar em colaboração espontânea com as autoridades públicas na investigação.