A Primavera está no ar! Para saudá-la, ouçamos a música de Vivald, Rosa Passos-Walmir Palma, Beto Guedes, Vinícius de Moraes-Tom Jobim; a poesia de Olavo Bilac, de Roberto Caeiro/Fernando Pessoa, Cecília Meireiles, Drummond, Ivens Scaff, Manoel de Barros. Unida a essa constelação, Demétre, a deusa grega da agricultura, das colheitas e das estações do ano que, em viagens com o amante Dionísio, ensinou aos homens a cuidar da terra e das plantações. Mas, de tristeza por sua filha Perséfone, fruto de sua união com Zeus, ter sido raptada por Hades, senhor dos mortos, não retornou ao Olimpo e descuidou-se de suas funções: a Terra secou, as colheitas minguaram e a fome se abateu sobre os homens. Sem as bênçãos da deusa, a Terra ficou estéril. Zeus ordenou a Hades que devolvesse a filha, mas ela havia comido sementes de romã e assim estava ligada eternamente ao mundo subterrâneo. Para trazer a alegria de viver à esposa e a fartura de alimentos aos homens, Zeus conseguiu que Hades devolvesse Perséfone à mãe, mas por uma parte do ano; a outra, ficaria com o marido. E, assim, ao lado de Hades, Perséfone ocasionava a latência das sementes: Inverno; ao lado da mãe, a Terra era coroada com abundantes colheitas: Primavera. Para o povo Nambiquara, habitante de terras a Oeste de Mato Grosso, são duas as estações do ano: estiagem e chuva. A Primavera, regada com esperadas chuvas, pode
ser percebida com mudanças na flora e na fauna, auxiliando-os a equacionar as atividades de subsistência. Em relação à agricultura, a presença de flores amarelas que brotam de um arbusto e o canto de curiangos indica aos índios as etapas da atividade agrícola e o findar de um ciclo anual para o início de um novo: colheita de produtos da roça do ano anterior e plantio da roça nova, a que os abastecerá no ano seguinte. Música, poesia, literatura, mitologia para evocar a Primavera. Sem dúvida, um convite de Olavo Bilac para “desencasular para a vida”!