A deputada estadual Janaína Riva (MDB) diz que o governador Mauro Mendes já tem desgaste político “irrecuperável”, ao fim do embate com servidores da educação pelo pagamento de lei salarial. Os 75 dias de greve, que correspondem a dois meses e meio dos seis primeiros de mandato, teriam gerado “perdas” para os dois lados, com o agravo para o governador por causa da insatisfação dos grevistas.
“Com qualquer professor que você conversar hoje, independente de ter participação ou não da greve, ele está muito magoado com o tratamento do governo do Estado, durante as negociações. O desgaste político com a classe dos profissionais da educação, a maior de Mato Grosso, esse, na minha opinião, é irrecuperável”.
Em entrevista à rádio Vila Real, nesta terça-feira (13), a parlamentar afirmou que as conversas do governo com os servidores começaram bem e perderam o equilíbrio com a comparação do nível salarial ao nível educacional no Estado. Os professores estaduais têm o terceiro maior salário do País, e o desenvolvimento do ensino está abaixo da 20ª posição.
“Eu acho que aí ele errou. Não dá para comparar o nível da educação com as escolas que temos em Mato Grosso. Em outros Estados [à frente neste quesito] as estruturas das escolas são boas; aqui elas estão muito precárias”.
A perda dos servidores foi apontada pela ausência de propostas que atendessem as reivindicações, a principal a aplicação imediata dos 7,69% em aumento salarial previstos na lei 510/2013 (lei da dobra do poder de compra). A proposta do governo modifica intervalo que se conta para data base para análise, passando para abril a maio do ano seguinte.
Questões sindicais
Janaína Riva disse ainda que o andamento da greve teve impacto da disputa pela presidência do Sintep (Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso), entidade responsável pela coordenação do movimento. Os sindicalizados interessados na concorrência ao cargo estariam em conflito sobre as diretrizes que deveriam seguidas.
“Houve discussões internas porque está próxima a eleição do Sintep, e isso acabou sendo usado nas discussões [sobre o andamento da greve], então, por isso, os professores não mais acompanhavam o assunto. Tinha mais coisa envolvida”.
A briga seria uma representação entre as ideologias do PT, puxado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do PSL, do presidente da República, Jair Bolsonaro. “Eu ouvi de professores que da mesma forma que alguns agridem falando: Esse aí é bolsonarista, votou no Mauro e tem passar por isso; outros falavam: Esses aí são um bando de petistas, que está coordenando. Tinha de tudo”.