Por meio das redes sociais a Teoria Verde tem mobilizado milhares de voluntários por Mato Grosso, que juntos já retiraram pelo menos 280 toneladas de lixo do meio ambiente. Além das ações de limpeza, eles realizam eventos e palestras de educação ambiental dentro das escolas. O mais novo projeto é a arrecadação de óleo doméstico usado, para evitar que a destinação final dos produtos sejam os rios da região.
Jean Peliciari é publicitário e o fundador da Teoria Verde. Tudo começou quando viajou para Moçambique, país localizado na África, e lá notou que o problema com o lixo era muito grande. Em sua terceira visita ao país ele decidiu tomar uma atitude para tentar ajudar.
“O problema de lixo em Moçambique é pior que no Brasil. Quando eu voltei para cá, criei uma página no facebook com o nome de “Limpa Moçambique” e consegui atingir cerca de um milhão de pessoas por mês”, conta Jean.
A propagação do projeto de Jean atingiu 25 cidades e 20 mil voluntários naquele país, em um ano. Toneladas de lixo foram retirados das cidades e das praias. Com o sucesso de sua ideia, ele começou a pensar em produzir algo parecido em Cuiabá, em 2016.
“Mas eu não enxergava o lixo na cidade, porque já virou paisagem. Já virou normal ter uma garrafinha aqui, outra coisa ali. E eu comecei a visitar as margens dos rios, o pantanal e criei a Teoria Verde”.
Ao contrário do que muitos acreditam, a Teoria verde não é uma organização não governamental (ONG), mas sim um Startups 2.5. Isso significa que é uma empresa com fins lucrativos, mas seus objetivos são sociais, ou seja, o empreendimento promove atividades ambientais, criando um valor social.
“Existe um tripé. O trabalho tem que ser feito pelas empresas, instituições públicas e pela população. Esses três precisam entender que o que nós produzimos é de nossa responsabilidade e que nós precisamos dar a destinação correta aos resíduos sólidos”, declara Peliciari.
Jean contou ao Circuito Mato Grosso que já foram realizadas pelo menos 72 ações de limpeza na região e que já foram retiradas 280 toneladas de lixo das margens dos rios, parques de Cuiabá, avenidas da Capital, entre outros pontos da localidade.
Segundo Peliciari, somente em 2018 foram retiradas 15 toneladas de lixo no Rio Cuiabá. Entre os itens encontrados estão dinheiro, rodas de carros, canos, latas de tintas, armários, televisão, cadeiras, portas e muito mais.
O material mais encontrado nas ações de limpeza são produtos de plástico. “O plástico está matando o pantanal”, diz Jean.
A Teoria Verde pretende realizar nos próximos meses um levantamento e descobrir quais são as marcas mais poluidoras do Pantanal. Com isso, a equipe deve procurar as empresas e questionar quais são as ações estão tomando para educação ambiental.
“A empresa precisa ter responsabilidade! Ela esta colocando uma embalagem no mercado e ela tem que ter responsabilidade, a população tem que fazer o descarte correto e o município tem que fazer a sua parte como a coleta seletiva”.
O objetivo de Jean com o Teoria Verde é chamar a atenção da sociedade para os problemas ambientais. A principal ação que eles realizam são as palestras educativas nas escolas, que segundo Jean, já atingiu 12 mil crianças da baixada cuiabana que em um grito uníssono gritam “Lixo no chão, não”.
Ações de limpeza
“A estimativa é de que anualmente desçam 400 toneladas de lixo, somente pelo Rio Cuiabá, ao Pantanal.’, declara Jean.
Segundo ele, as ações de limpeza nos rios são nas margens, o que está mais fácil de ser encontrado. E em três anos de limpeza na Orla do Porto foram retirados cerca de 70 toneladas de lixo e 47 toneladas retiradas já no Pantanal. “São números estratosféricos e é um trabalho que não resolve. A gente minimiza os impactos que estão acontecendo”.
Durante as ações, as grandes cooperativas são convidadas para realizarem a seleção e destinação correta do lixo recolhido. Em pequenas ações o lixo é colocado em caçambas municipais e pela prefeitura é levado até o lixão da cidade.
Óleos e eletrônicos
A campanha mais recente que a Teoria Verde mobilizou era a arrecadação de produtos eletrônicos, como monitores, ventiladores, celulares, entre outros, que o valor da vende do material usado foi destinado ao Hospital de Câncer de Mato Grosso.
Jean Peliciari explica que 15 cidades de Mato Grosso conseguiram arrecadar 30 toneladas de lixo eletrônico, o valor foi revertido em R$37 mil e doado ao hospital.
Ele conta que sempre que apresentam seus projetam em busca de ajuda ao meio ambiente, muitos aplaudem, mas na hora de ajudar não tem dinheiro ou disponibilidade. Mas com o sucesso da arrecadação de lixo eletrônico, o grupo envolvido no Teoria Verde percebeu que há outras formas de ajudar e decidiram pesquisar algum outro grande problema de resíduo no meio ambiente e encontraram o óleo.
Muitas vezes as pessoas pegam o óleo que usaram em casa e jogam nos ralos, o que além de causar o entupimento do cano, acaba levando o resíduo aos rios e causando mais problemas ambientais. Segundo o site da teoria Verde, 1 litro de óleo pode contaminar 25 mil livros de água.
Desse modo, a campanha “Levo: Local de entrega voluntária de óleo usado” foi criada. O óleo de cozinha, após o uso, deve ser deixado para esfriar e ser separado, colocado em uma garrafa pet, que também será reciclada, e levado aos pontos de coleta.
Todo o óleo vai ser vendido e o dinheiro arrecadado será investido na educação ambiental nas escolas; “O que poderia estar prejudicando o meio ambiente, vai para projetos de educação. A ideia é que a doação seja de forma contínua e diariamente, não é somente na semana do meio ambiente, a gente tem que fazer algo constante.
Quem tiver interesse em participar das ações, ser voluntário ou virar ponto de coleta deve entrar em contato com o Jean através do número (65) 99910-5369.
Ele compartilha que o principal objetivo do momento é propagar o conceito do lixo zero, que consiste em reduzir ou eliminar o envio de resíduos sólidos para aterros sanitários ou para incineração. É o aproveitamento máximo de resíduos sólidos e o encaminhamento correto ao lixo.
“Quem quiser fazer o correto já pode. Não vamos ficar esperando que o município nos de a opção, vamos correr atrás. A gente precisa mudar e precisa mudar agora”.