Kelby Emanuel Gonçalves Costa Marques
Aluno do 7º semestre do Curso de Serviço Social da Univag – Centro Universitário
Todos os povos levam consigo saberes, costumes, ideologias e possuem uma história e, por meio desta, expressam a cultura. Na sociedade contemporânea, surgem diversos questionamentos e expressões da questão social, pois a realidade social está sujeita à mudanças decorrentes das transformações em meio ao sistema vigente, o sistema capitalista de produção. Visto isso, um tema de relevância no contexto atual é a apropriação cultural, ato de se apropriar de determinada cultura e de se utilizar dela em meio ao cotidiano.
Quando nos reportarmos ao histórico vivido pelos afrodescendentes e indígenas, veremos a existência de um passado cruel e não muito distante. Esses povos sofreram as mais diversas violências e passaram por perseguições ferrenhas, submetidos aos mais indignos tratamentos.
Há de se dizer que na atualidade, ainda existem resquícios desse passado, onde as marcas e feridas deixadas pelo tempo ainda não foram curadas e não se fecharam, pois trata-se de um histórico permeado em sangue. E não se trata de vitimismo ou querer se valer do passado para se obter ganhos no presente. Trata-se não somente de uma dívida histórica, mas de uma forma de conscientizar gerações por meio do ensino das sociedades ditas minoritárias, para instruir sobre como não agir, sobre como não repetir mais os mesmos erros.
Assim sendo, poderiam povos que não se encontram vulneráveis social e economicamente e não apresentam origem sócio-histórica excludente, assim como os povos anteriormente citados, poderiam se apropriar de acessórios e vestimentas indígenas ou afrodescendentes? Será que esses povos poderiam se utilizar de tais meios de pertencimento a uma determinada cultura? Uma cultura que historicamente enfrenta diversos tipos de preconceitos, violências físicas e verbais, dentre outros.
Poderíamos dizer que o maior questionamento dentre os supracitados, é que esses indivíduos, ao se utilizarem da cultura sacra, indígena e afrodescendente, estão estes também inseridos, frente aos movimentos sociais, ou de luta por igualdade? Poderíamos afirmar que estes se apropriam também do sentimento de profunda tristeza e revolta por serem marginalizados e vítimas de racismo e de uma exclusão social aguda? Ou será que a apropriação cultural se dá apenas por estética?
Ao nos apropriarmos de determinada cultura, precisamos também nos apropriar da busca incessante por direitos equânimes, de liberdade, de justiça social e da defesa intransigente dos direitos humanos. Qualquer outro tipo de apropriação seria apenas formas de atrair olhares, quando o ego e a vaidade seriam fatores predominantes. Ou seja, não são levados em consideração fatores históricos e sagrados de um povo. Dessa maneira, não há como existir respeito às cultura dessas naturezas, mas sim exposição.