O empresário Aldo Locatelli, do setor de combustíveis, disse, nesta terça-feira (23) que organizações criminosas usam postos em Mato Grosso para lavar dinheiro. Ele citou quatro unidades com atividades empresariais ligadas ao Comando Vermelho e ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
“Têm aqui postos do Comando Vermelho. Em São Paulo tem mais de 150 postos do PCC e isso é intolerável”, disse o empresário em audiência na CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal em andamento na Assembleia Legislativa.
Locatelli disse que o esquema gera desiquilíbrio no mercado, visto que postos supostamente financiados pelas organizações criminosas ofertam combustível com preço abaixo da média. Ainda conforme o empresário, esses postos seriam abastecidos com combustível vindo da Bolívia, comprados por preço menor que o praticado no Brasil. Isso implica a passagem das cargas pela fronteira em Mato Grosso. Hoje, a diferença entre os preços está na média de R$ 0,60.
O fraco rigor de fiscalização dos produtos na fronteira e a apresentação de dados fraudados ao Fisco estadual foram apontados como facilitadores da sonegação fiscal no setor.
Aldo Locatelli, que também preside o Sindipetróleo (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo em Mato Grosso), é apontado pelo deputado Wilson Santos (PSDB), presidente da CPI, como um dos motivos pela abertura da terceira comissão de investigação. Segundo o parlamentar, o empresário afirmou ter conhecimento de que o setor combustível sonega cerca de R$ 100 milhões por ano em impostos em Mato Grosso.
A declaração feita hoje é semelhante à da promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, na semana passada, de que as fraudes fiscais ocorrem no Estado com estrutura de organização criminosa. “A fala do Locatelli complementa o que a promotora Ana Cristina disse, mostrando a situação é muito mais grave do que parece. As fraudes fiscais em Mato Grosso está numa situação crítica”, disse Santos.
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