Pizza, um prato simples em formato arredondado, a base de farinha de trigo, coberto com molho de tomate e uma enorme variação de ingredientes: queijo, carnes ervas. Sem dúvida, um prato que se tornou bastante popular. Ao contrário do que a maioria pensa, a pizza não nasceu na Itália. Ainda que haja controvérsias quanto à sua origem – Egito e Grécia –, o certo é que povos do Mediterrâneo já serviam esse alimento à mesa antes do tempo cristão. Sua massa consistia em farinha de trigo, associada à água e ao sal. A esses ingredientes, alho e ervas eram adicionados. Antes de ter forma circular, apresentava-se dobrada ao meio, como uma meia lua.
Por sua cor e formato arredondado, a pizza lembra o beiju dos índios brasileiros. À base de mandioca, como a massa de fama italiana, tem receita simples. É uma iguaria típica dos índios do Brasil, feita com a fécula da mandioca, tubérculo muito recorrente na culinária de índios e não índios, conforme verificado na História da Alimentação no Brasil, de Câmara Cascudo.
Para os indígenas, o beiju inicia-se na roça – tratar o solo, plantar e colher as raízes da mandioca – e finaliza no preparo do alimento pelo trabalho feminino – descascar, ralar, espremer e assar. Na aldeia, o beiju é consumido sem restrições no dia a dia e em diversos rituais.
Na sociedade Kalapalo, por exemplo, há um aparato de artefatos indígenas destinados ao preparo, serviço e guarda do beiju. A começar pela esteira de torção para a retirada do caldo venenoso da mandioca brava; o jirau, uma espécie de grelha que expõe a fécula da mandioca à luz do sol; a beijuzeira de cerâmica belamente decorada, onde se assenta a massa; as três trempes, também de cerâmica, que sustentam a beijuzeira quando posta ao lume para assar o beiju; a pá de beiju, usada para virar o beiju para que possa ser assado em ambos os lados. Os artefatos indígenas são verdadeiros testemunhos materiais de modos de vida. Independente dos saberes que carregam em si, ninguém resiste a um beiju Kalapalo, associado ao peixe moqueado.