Opinião

Nice Aretê – ‘Sublinhando o traço memorial’

Para dar nome a este escrito sobre a artista plástica cuiabana Nice Aretê, capto de ‘Em abraço de barro’, um termo do ‘tecido/texto’ de Marília Beatriz de Figueiredo Leite (Mar&Ilha como a definiu a jornalista e poeta Regina Cunha Lima), especialmente escrito para o vernissage da exposição O Homem Algodão, ocorrido na noite de 30 de novembro, na Casa do Parque, um espaço-personalidade que há muito se faz, como um mecenas, protetor das artes plásticas, das letras, das músicas.

 Sobre o acervo cerâmico de Nicê Aretê, Maurília Valderez Lucas do Amaral, conclama em sua ‘A sabedoria da mistura dos corpos’ para se encontrar com ‘Só Elas’ – Claudete Jaudy, Juliana Abonizio e Margarete Xavier – e todas juntas para aclamar a artesã no ‘tecido/texto’ de Mar&Ilha: o que não é lembrança nas imagens dessa arte/sã? Sua tessitura no barro deixa entrever uma inclusão maior e menor dos textos lembrados e dos tecidos vividos. Assim surge a saúde dos personagens. Nas visões inovadoras da amante do barro, das mãos atentas que constroem o carinho nas imagens a elaboração no texto imagético é a emoção da comunicação com outrem quanto existe um nível de memória igualitária. Ao admirar as imagens construídas, ao visualizar as figuras postadas o estilo texto de Aretê é definido pelo modo de rememoração que ele precisa, para ser entendido, descobrindo-se às vezes nas asas imaginárias dos braços invisíveis. Aliás, para que braços se eles estão na artista, autora de cores, feitora de sonhos os braços amparam e carregam suas criações? E é aí que está a imagem do abraço do barro em leitura que atravessa a figuração vista, ao adentrar na matéria criativa de quem é capaz retirando do tradicional artesanato, o viés vanguardista. Ao mesmo tempo surge estampada a solenidade que nascente das peças e nas peças aponta para a sensível e natural criatividade que obrigam na percepção: o encanto estima o processo e não ser encantado/o ritmo sublinha a falta humana que a argila inaugura/a maciez das imagens conhece o subsolo da magia das mãos/quando o pássaro transferir seu voar para o peito do barro/quando o azular não for apenas traços, mas de luzes ao encontro das montagens de Aretê. Surge assim a ARTE/Aretê cuja magia não é da mágica é do olho que vê.

Naquela noite de Lua Minguante, a Lua Incompleta para o povo Nambiquara, o Homem Algodão, da Casa da Almas, tudo via, tudo ouvia.

 

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do