O candidato a deputado estadual Lúdio Cabral (PT-MT) diz que a popularidade do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) é um efeito do discurso criado pelo PSDB para articular o impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff, em 2016. E hoje o grupo tucano também lida com desidratação política atingido pela onda de apoio a Bolsonaro.
A situação nova das eleições 2018 em que a corrida ao Planalto tem presença secundária tanto dos tucanos quanto dos petistas é vista por ele como uma consequência do “monstro” criado na luta pelo poder.
“O Bolsonaro foi uma criação do PSDB que está desidratando o PSDB, atraindo o eleitorado da centro-direita para extremo-direta. O PSDB e PMDB estimularam muito o crescimento desse discurso de mais ódio, preconceito, mas que só fez crescer a candidatura o discurso da extrema direita, fascista”.
Fazendo referência ao impeachment de Dilma com a pecha de “golpe”, Lúdio Cabral vê o quadro eleitoral neste ano como consequência do “ataque à democracia” supostamente iniciado há pouco mais de dois anos. “Com o golpe, com o ataque à democracia, eles [PSDB e PMDB] criaram um monstro que agora está desidratando eles”.
Para ele, a inclinação para o que chama de fascismo ocorre principalmente dentre os eleitores dos tucanos que estariam mais próximos ao discurso forte de Jair Bolsonaro. “O eleitorado de esquerda me acolhe muito bem, o eleitorado mais de direita, há pessoas que reconhecem, independentemente do PT, que vão votar em mim, vão me apoiar. Mas há outra parcela que está bem resistente. É o eleitorado mais de direita que vai votar no Bolsonaro. São eleitores que votavam no PSDB”.
Lúdio Cabral avalia que o cenário em formação para segundo turno, entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) também é um efeito de 2016, coma transferência de votos do PSDB para o candidato do PSL e a transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Haddad.
“O cenário é esse: o eleitorado do centro e de esquerda se transferindo para o Haddad, e o eleitorado de direita se concentrando na candidatura do Bolsonaro. É uma eleição muito polarizada com conteúdo programático muito forte, e em Mato Grosso esse cenário vai ser repetido“.