No início da década de 90 vivíamos uma situação financeira ainda mais alarmante, com inflação a galope, indústria brasileira a anos-luz das concorrentes estrangeiras, que chegaram inundando o mercado brasileiro com mais qualidade e preço competitivo. Naquela época, quem tem mais de 40 vai se lembrar, o pobre mal e mal comia frango. Classe média totalmente esmagada e oprimida por décadas de “governo” militar. A diferença é que naquela época vivíamos a esperança. O Brasil era o país do futuro.
– Esses comunistas! Não se implora por direitos, se luta por eles.
A crise de agora que afeta milhões de brasileiros, sobretudo, é moral. Não existiu escravidão. Não existiu ditadura. Não existiu golpe. Não temos que ajudar as minorias. Não temos que ter cotas. Não é difícil entender porque somos assim. O Brasil sempre foi conservador. Durante os anos 1700 e 1900, enquanto as colônias espanholas montavam suas universidades independentes e formavam mais de 200 mil sul-americanos, o Brasil teve pouco mais de 1.200 cidadãos formados em universidades, a maioria na Universidade de Coimbra, em Portugal.
Por isso vamos ao Chile e à Argentina, e dizemos: Nossa! Como são educados! Nossa que biblioteca linda! Nossa, você viu a casa do Neruda! Aqui se o principal museu pega fogo, imagina o que não fazemos com a casa de um poeta. Educação nunca foi uma prioridade tupiniquim. Hoje temos gerações inteiras de subletrados, com jeitinho brasileiro institucionalizado, um dos piores níveis de educação do mundo, gerando uma sociedade que analisa sua qualidade de vida ao seu consumo.
– Nós representamos a sustentação da propriedade privada. Temos de ser cruéis. Temos de recuperar a consciência tranquila para sermos cruéis.
Custe o que custar. Doa a quem doer. Os pensamentos trumpianos se espalham como vento pelo planeta. Eu fico pensando se alguma pensei assim, com ódio, com amargura, com desprezo pela vida de terceiros. Essa eleição revela um lado escuro que ainda não tinha visto nas pessoas que me cercam. Estou assustado. Chegou a hora de se acalmar. De dar as mãos. Mas isso não vai acontecer. A palavra da moda, que a maioria não entende direito, é liberalismo.
– Quem deseja viver, prepara-se para o combate, e quem não estiver disposto a isso, neste mundo de lutas eternas, não merece a vida.
Só assim. Com muita força e truculência, muitos dizem, que vamos mudar o Brasil. Mas galera, cuidado. Essas frases duras, que se parecem com as de Bolsonaro, líder das pesquisas, são de um alemão: Adolph Hitler. Pense nisso. A que ponto chegamos. Incrível que as pessoas não entendem que a solidariedade, o amor, ser bom, não é ser de esquerda. É ser normal. Human being.