O debate sobre a participação da mulher na política continua mais no discurso do que na participação nos partidos políticos e, consequentemente, nas eleições. No caso de Mato Grosso, o discurso do “empoderamento feminino” no voto é contestado pelo próprio perfil das candidatas em 2018.
Dados do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) apontam que a maioria das candidatas é branca, casa e na faixa etária da meia-idade, características atribuídas a candidatos com longo histórico na política brasileira. Conforme o banco de dados do tribunal, 171 mulheres concorrem a cargos públicos nas eleições 2018, representando 31,61% do total de candidatos. A maioria (110 candidatos) disputa vaga na Assembleia Legislativa e outras 53 na Câmara dos Deputados. Ambos são cargos proporcionais e em última instância dependem da articulação dos partidos, dentro das coligações, para fechar a lista de eleitos.
Uma mulher concorre como vice-governadora, duas como senadoras, uma como primeira-suplente e quatro como segunda-suplente para o Senado. Nessas concorrências, os cargos são entregas aos candidatos com mais votos nominalmente.
Dez candidatas estão filiadas ao MDB, partido considerado de centro, que já defendeu candidaturas majoritárias tanto de nomes da esquerda como os da direita. DEM tem seis candidatas, e os dois são componentes da coligação de campanha.
O nanico DC tem cinco candidatas; PCdoB e Novo, quatro. Também estão empatados com o mesmo número concorrentes Avante e PDT (3 cada um); Patriotas e PMN, com duas cada. PCO lançou apenas uma candidatura de mulher.
O estado civil das candidatas é predominantemente de casada (43,27%) e de solteira (38,60%). Divorciadas são 14,04% e viúvas, 3,51%. Essas mulheres tem idade que varia entre 35 e 54 anos. A concentração está faixa etária de 40 a 44 anos (40 candidatas); seguidas pelo recorte de idade seguinte, entre 45 e 49 anos que são 31.
O terceiro lugar é de mulheres que já entraram na meia-idade e estão entre 50 e 54 anos, com 22 representantes. As mulheres com idade abaixo dos 40 anos são 20. A raça declara por elas são parda (45,03%), branca (38,60%) e preta (14,62%) e amarela (1,75%).
“Se formos pesquisar o histórico das mulheres elas estão, geralmente, associadas a velhos políticos. Podem não ser parentes (irmã, mulher), mas participam dos grupos desses políticos, estão sempre presentes em seus gabinetes”, comenta o cientista político João Edisom.
Ele diz que o problema está na própria legislação eleitoral cujas normativas para a garantia da mulher nas eleições saíram pela culatra. Sua crítica mais acentuada é feita à lei da cota de 30% destinados ao lançamento de candidaturas femininas e da distribuição do recurso para campanha.
“É essa lei é feita para manter o machismo na política, já temos casos ridículos neste ano de dinheiro que e não foi destinado para as mulheres e nunca sabemos que ela realmente recebeu o dinheiro para campanha. É necessária uma lei que garanta vaga para candidatos eleito às mulheres. 50 a 50, para competir em número igual”, diz.