O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) disse que mantém sua proposta de renunciar o cargo caso seja provado desvio de R$ 56 milhões da Seduc (Secretaria de Educação) indicado pelo empresário Alan Malouf. A declaração foi feita em resposta à deputada Janaína Riva, líder da oposição, em abril passado, que cobrava posicionamento da Assembleia Legislativa sobre a suposta participação de Pedro Taques no esquema.
“Mantenho de pé minha fala, não mudo uma vírgula sequer do que falei. Está registrado em ata, e eu dei uma semana para ela provar o desvio de R$ 56 milhões, mas já se passaram quatro meses e ainda não provou nada e nem vai provar”, disse Santos.
O desafio voltou à tona no começo desta semana com a homologação da delação premiada de Alan Malouf pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Em vídeo divulgado horas depois da aprovação do depoimento, Janaína Riva cobrou de Wilson Santos a renúncia do cargo.
“Se realmente aconteceu o que a senhora acabou de dizer aqui, que houve um roubo de R$ 56 milhões na Seduc na gestão Pedro Taques, eu, Wilson Santos, renuncio o mandato na semana que vem. Agora eu quero perguntar à senhora, se renuncia o seu mandato, se a senhora faltou com a verdade neste assunto?”, disse Santos à época.
A homologação da delação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. O diário afirma que a fundamentação PGR (Procuradoria Geral da República) para o depoimento de Alan Malouf foi acatada pelo ministro Marco Aurélio.
Além do governador, Malouf também implica o deputado Guilherme Maluf (PSDB) e federal Nilson Leitão (PSDB) em seu depoimento. Segundo o sócio do Buffet Leila Malouf, o esquema na Seduc servia para pagar as dívidas de campanha de Leitão. Ele entregou o pagamento de R$ 40 mil diretamente a Guilherme Maluf.
Allan Malouf é alvo da justiça por implicações nos crimes desvelados pela Operação Rêmora, nome da investigação das fraudes em licitações e esquemas de propina operados dentro da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
Processos licitatórios, mostrou o Ministério Público, que começaram em outubro de 2015 em pelo menos 23 obras de reforma e construção de escolas públicas avaliadas em cerca de R$ 56 milhões.
Em depoimento em junho de 2017, Malouf começou a implicar Pedro Taques ao revelar que a campanha do então senador ao governo recebia caixa dois e que o ex-procurador da República tinha pleno conhecimento do fato.
Alan Malouf já foi condenado a 11 anos e 40 dias de prisão e o pagamento de 176 dias-multa no dia 23 de outubro de 2017. Exatos seis meses depois, a defesa dele solicitou ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que a continuidade da Operação Rêmora fosse enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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