O chefe da Casa Civil, Ciro Rodolpho, disse que o pedido de novo depoimento pelo cabo Gérson Corrêa, sobre os grampos telefônicos, tem cunho político para influenciar o andamento de disputa ao governo nas eleições deste ano. O secretário questiona a apresentação eventual de fatos novos que tragam mais esclarecimentos sobre a relação do governador Pedro Taques com militares investigados como envolvidos no esquema.
“Haja micro-ondas para requentar comida do almoço para a janta. A Justiça aceitou ouvir novamente o cabo, mas não acredito que haja coisas novas [que possam ser ligadas a Taques]. O depoimento dele acontece num contexto de disputa eleitoral, e está sendo usado para esse fim. O que temos que fazer é esperar para saber o será dito, mas não há o que temer”, disse Ciro Rodolpho em entrevista à rádio Capital, nesta quarta-feira (22).
O cabo Gérson deve voltar a depor à Justiça na segunda-feira (27). O juiz Murilo Mesquita, da Vara da Justiça Militar, acatou a argumentação dos advogados de defesa de que o depoimento pode ter sido comprometido por “cansaço e fadiga” do militar, o último a ser ouvido em uma série de audiências que durou 15 horas. O militar foi o último a ser ouvido e depôs entre pouco antes da meia-noite e 5h, entre os dias 27 e 28 de julho.
O cabo Gérson confessou sua participação no esquema dos grampos e atribuiu a autoria das escutas ao ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques, a partir de 2014. Segundo Gérson, as escutas ilegais começaram no período das eleições de 2014, coordenadas por Paulo Taques, também responsável pela organização da campanha do atual governador. O cabo disse ter recebido ordem direta coronel Zaqueu Barbosa, na época comandante-geral da Polícia Militar, para montar a ação.
As declarações do militar levaram a oposição política na Assembleia Legislativa a abrir requerimento de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a participação de Pedro Taques nos grampos. A deputada Janaína Riva (MDB), líder da oposição, diz que a confissão do cabo Gérson implica o conhecimento do governador Pedro Taques sobre a central de escutas e, neste caso, colocaria em xeque o processo eleitoral de 2014, no qual Taques foi eleito.