Opinião

Pensa que é PIS?

Sabe aquele ditado popular que diz que “quando a esmola é demais o santo desconfia”? Essa sou eu. Mais uma vez ancorada numa agência bancária. Nessa, vou mudar o tom da prosa e dar nome aos dois: Temer e a Caixa Econômica Federal. Exatamente nessa ordem. O vampirão começou liberando o PIS/PASEP para “aliviar” a pressão da falta de dindin circulando no mercado. Fui no site da CEF por mera curiosidade e, depois de verificar que tinha um saldo, segui as instruções.

Elas diziam que deveria comparecer a uma agência levando um documento e o Cartão Cidadão. Lá me fui, prevenida que sou, levando identidade, comprovante de residência… Obediente e crente pedi uma senha para o caixa. Nada que um bom livro não resolvesse. Um ou dois capítulos e lá estava eu.

Coisa boa, não é? Se fosse só isso. A atendente informou que seria necessário “atualizar o cadastro”. Outra senha, um único atendente e gente, muita gente. Estava bom? Claro que não. Além da falta de lugares para sentar, o sistema estava sistema da Caixa. Quer dizer, instável. Daquele jeito. A tarde passava entre uma conversa e outra enquanto a senha do painel permanecia estática.

Horas esperando para sair de lá sabendo que precisaria retornar com cópias das páginas com foto e contra folha da Carteira de Trabalho, Identidade, CIC, comprovante de residência e… título de eleitor(!).

Na espera paciente e comunicante as histórias começaram a se encaixar. A notícia saiu na sexta, de surpresa. Na segunda, dia 18, quando o banco abriu, as pessoas esperavam atendimento e os funcionários tentavam entender as especificações e o procedimento padrão. É claro que isso rendou várias interpretações que apenas dificultaram a vida dos cidadãos.

Isso foi segunda. Voltei à penitência dia 21. Com todos os documentos. A fila, maior ainda. Havia um sistema de triagem do lado de fora da agência, na parte dos caixas eletrônicos, mas o atendimento seguia lento. Cheguei lá por volta das 13h, contando com o fim do horário do almoço. Peguei a senha 59. Estava na 29… Fazer o quê? Esperar e ouvir. Histórias. De pessoas que, como eu, chegavam com as meias informações. Esperavam horas para receberem as mesmas solicitações de documentos, concluí depois de assuntar geral o que havia sido necessário apresentar. Mais fácil seria dar a lista para que a papelada fosse providenciada sem fazer cada um passar pelo atendente, para entrar no sistema e checar se era isso mesmo!

Sim, falamos daquele sistema intermitente e carregado por milhares de consultas feitas ao mesmo tempo em todas as agências da Caixa Econômica Federal do dia 18 ao dia 28 de junho, para começar. Depois, em agosto, vai piorar! O saque será liberado.

Só que não terminou. Outros empecilhos seriam capazes de fazer o serviço andar ainda mais devagar. Incluindo aquela servidora padrão que nunca pode ajudar e ainda atrapalha o serviço do atendente alheio. Foi assim que, durante a espera (que terminou depois do horário de fechamento bancário quando parece que as coisas andam mais rápido), desperdicei o presente de um porteiro gente boa da Rua Souza Lima que, como não poderia mais aguardar, já que ia pegar no batente às 14h, me deu sua senha, a número 40.

Morri na praia. Acontece que levei as xerox, mas não os originais! E não adiantou mostrar a lista com a solicitação das cópias. Mexe daqui, mexe dali, fui encontrando os documentos. Menos o título de eleitor! Voltei em casa para pegar o danado e retornei à espera do número 59. Esse, o que foi atendido depois do horário de encerramento bancário. A papelada estava pronta. Porém, o sistema de transferência não funcionava mais naquele horário!

Fui parar novamente na Caixa. Era sexta, jogo do Brasil, para fazer um TED. Feita transferência, avisei ao gerente no BB. Nessa segunda soube que o TED não havia entrado. Já rezando muitas ave-marias me dirigi a agência da Caixa. Onde, acreditem, não pude entrar! Uma infiltração inundou o espaço, o sistema teve que ser desligado. Havia água inundando o piso. As portas nem abriram para o público, aquele que tem mais dois dias para sacar o benefício. É pouco? Não. Quando acharam que o problema havia sido sanado abriram os registros e não foi só água que caiu. Parte do teto da agência veio junto!

Você já conseguiu receber seu benefício? Nem eu. Pensa que é PIS? É PASEP aguentar tanta bateção de cabeça…

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Fábulas Fabulosas”, do SEM FIM…delcueto.wordpress.com

 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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