Política

Ex-ministro afirma que MT vai ter que se virar com dívida pública

Pré-candidato à presidência da República, ex-ministro da Fazenda e ex-diretor do Banco Central, Henrique Meirelles (MDB) avaliou a situação econômica vivida em Mato Grosso durante evento  promovido em Cuiabá por seu partido nesta segunda-feira (25).  Para Meirelles, a crise econômica de Mato Grosso se deve ao fato de o Estado não ter recebido os incentivos corretos por parte dos governos. Ele também apontou para o fato de Mato Grosso se fazer muito "dependente" do governo federal e por isso precisa aumentar sua arrecadação.

O ex-diretor do Banco Central (2003-2011) afirmou que apesar de ter consciência de que a dívida com a União pesa contra o crescimento dos estados, não vê possibilidade de mudança nesta situação, mesmo no caso dele mesmo eventualmente chegar à presidência, uma vez que é um dos candidatos ao cargo na disputa das majoritárias 2018.  No caso, Meirelles afirmou que Mato Grosso, e todos os outros estados do país que sofrem com a dívida pública, como o Rio de Janeiro, vão ter que se virar com essa situação. 

A dependência que Mato Grosso criou em relação ao governo federal tem sido apontada pelo próprio governador Pedro Taques (PSDB) como justificativa para a ‘crise econômica’ pela qual passou o Estado. Segundo as últimas contas públicas de 2017, recém aprovada pelo Tribunal de Contas (TCE), o pagamento dos empréstimos com a União mais a dívida com o Bank of América (que acabam também sendo relacionadas à dívida pública) impedem investimentos em áreas fundamentais como saúde e educação. 

Com base em dados extraídos do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan) do Estado, o site Mira Cidadão, da Controladoria Geral do Estado  (CGE), apontou que a dívida pública de Mato Grosso deu um salto de  R$ 686.381.372,00 no ano de 2013 para R$ 1.179.538.146,00 em 2017.

Somente em amortização e encargos da dívida externa (operações em moeda estrangeira), as despesas tiveram crescimento de 484,2% (R$ 955,4 milhões). Já as despesas com amortização e encargos da dívida interna (operações em real) tiveram aumento de 20,6% (R$ 3,8 bilhões).

O peso da Copa 2014

Em  Mato Grosso compõem a dívida pública, por exemplo, empréstimos formalizados entre os anos de 2012 e 2014 para a construção da Arena Pantanal e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Há também a renegociação de dívidas antigas do Estado, indexadas em dólar por meio do Bank of America, cujos encargos tiveram alta de 78,2% nos últimos cinco anos.

Para Meirelles, a possibilidade de redução dos juros da dívida da União não seria uma solução possível. Ele indicou em entrevista ao Circuito Mato Grosso que os estados vão ter que se conformar e buscar caminhos alternativos para aumentar a arrecadação, apesar das dificuldades.  

“É muito importante que se aumente a arrecadação do Estado. O Estado não pode depender só do governo federal. Ele tem que ter receita própria e forte. A economia mato-grossense crescendo forte e gerando receita, essa é a fonte principal”, observou o ministro.

Maus administradores 

Meirelles também questionou a eficácia da atual administração do estado. Disse que o governo é como qualquer casa, que precisa ser bem administrada. O presidenciável observou que não dá para o chefe da família manter o bom funcionamento do lar se estiver administrando mal o dinheiro, “gastando onde não deve ou comprando coisa errada”.

O presidenciável também questionou as administrações passadas no Estado, as quais, segundo ele, não souberam explorar todos os recursos disponíveis. Para o ex-ministro, o governo estadual precisa oferecer melhores incentivos, a começar no ramo logístico e industrial.

“O que Mato Grosso precisa é com relação aos incentivos corretos para o crescimento, para a plantação e para o transporte em primeiro lugar. Nós temos que criar uma rede de transporte adequada para escoar a produção de Mato Grosso, é fundamental. E isso significa segurança, estabilidade e condições de atrair investimentos do mundo inteiro para o Estado”, avaliou.

Segundo o ministro, Mato Grosso deve fomentar o polo industrial, atrair e criar grandes fábricas para fortalecer o Estado. Dessa forma, além de melhorar a economia por meio da criação de empregos, também incentivaria a produção. A conta seria simples: Mato Grosso produz, transforma e arrecada. Por exemplo, a soja produzida passa por uma indústria que a transforma em óleo e farelo.

“Em resumo, temos que criar fábricas. Temos que ter melhor produção e indústrias que processem isso, que agreguem e somem valores ao Estado”, pontuou o presidenciável, sem deixar passar a questão logística, que é uma grande dificuldade do setor produtivo. “Tudo isso somado a condições de transporte eficiente. Primeiro o transporte e em segundo lugar a industrialização”, finalizou.

Outra área a ser explorada em Mato Grosso, apontou Meirelles, é o turismo, considerando as belezas naturais ainda mal divulgadas escondidas no Estado.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões