A bancada de Mato Grosso em Brasília, liderada pelo senador José Medeiros (Podemos), diminuiu os valores que seriam repassados aos municípios para a saúde. Inicialmente, o Estado receberia um montante de R$ 56 milhões, divididos em 27 municípios, porém esse valor foi reduzido quase pela metade pelo senador e cinco deputados federais.
Na ata de reunião realizada no dia 11 de abril em Brasília, o senador explica que o valor de R$ 56 milhões teria que ser readequado em função de dois empecilhos. Com a decisão, municípios como Tangará da Serra (242 km de Cuiabá) que receberia um orçamento de R$ 8,5 milhões, ficará apenas com R$ 1,5 milhão.
O recurso é oriundo das emendas impositivas dos deputados e senadores, sendo um repasse de R$ 7,8 milhões e outro de R$ 6,1 milhões. A bancada de Mato Grosso tem cerca de R$ 100 milhões por ano em emendas impositivas, um recurso com livre destinação.
A denúncia foi feita pelo vereador Rogério Silva (PMDB) de Tangará da Serra. Ao Circuito Mato Grosso, o parlamentar explicou que, quando estava como deputado federal em exercício, havia conseguido o valor de R$ 8 milhões ao município de Tangará e a bancada federal havia confirmado esse valor, porém em nova reunião mudaram os valores.
“No dia 11 de abril a bancada do Estado lavrou um ato alegando que haveria corte do governo federal e que outros municípios também solicitaram as verbas e teria que haver um rateio no valor, e com isso Tangará foi prejudicada, perdendo mais de R$ 7 milhões”, alegou.
O vereador disse que o problema foi o senador alegar para a imprensa que não tinha o compromisso de repassar R$ 8 milhões a Tangará da Serra.
“O senador chegou a dar entrevista à imprensa local falando que não havia o compromisso de repasse a Tangará da Serra, e isso não é verdade, fiz questão de conseguir a ata e provar que o valor que ultrapassava oito milhões agora será de pouco mais de um milhão, e mesmo assim ainda não tenho certeza se esse dinheiro chegará ao município”, completou.
Segundo Rogério, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) pressionou a bancada em Brasília e encaminhou um oficio pedindo a redistribuição da emenda para outras cidades, mas o vereador alegou que o valor que havia sido combinado anteriormente, e viria em função de emendas anteriores, nas quais Tangará da Serra não foi inclusa.
“O município perde, pois o governo do Estado não repassa verba mensalmente para Tangará, e em verbas federais anteriores a cidade não foi inclusa. Esses R$ 8 milhões seriam aplicados no hospital municipal para construção e compra de equipamentos para o centro cirúrgico e leitos de UTIs, porém o sonho terá que ser adiado. Isso ajudaria até o Estado, porque pacientes deixariam de ser encaminhados a Cuiabá e poderiam ser atendidos na própria cidade. Municípios vizinhos também seriam contemplados com a ação”, finalizou.
Procurado pela nossa reportagem, o senador José Medeiros alegou que as colocações do vereador são "uma falácia" todas as acusações e que Tangará estaria até de fora para receber o dinheiro, pois a AMM não iria fazer repasse a municípios que não participassem de consórcio.
“É tão inverdade que eu tirei dinheiro dos municípios que a AMM não queria deixar Tangará participar do rateio da verba, pois só participariam os municípios que participassem do consórcio e Tangará não quer participar. Quando chegou o ofício, comuniquei na bancada que Tangará havia ficado fora e combinamos de fazer um novo rateio para que todos os municípios tivessem acesso à verba federal, e Tangará da Serra ficou com R$ 1.300,000, mais dinheiro que todos os municípios do consórcio deles”, informou.
Para ele, o vereador pretende sair candidato e está usando coisas antigas e atas passadas para se promover.
“Eu lamento o que está acontecendo, pois eu não faço política desse jeito, eu sou coordenador de bancada e seria maluco de combinar uma coisa e fazer outra para fazer alguma fraude como ele sugere. O Rogério pegou uma ata antiga, publica como uma coisa que eu fraudei, e estou sendo injustiçado com as acusações sem fundamentos”.
José Medeiros explicou que os R$ 56 milhões, ao invés de serem distribuídos entre os 27 municípios, foram repassados em uma divisão aos 141 municípios do Estado.
“Na última divisão que está valendo e foi realizada pela AMM, estão todos os municípios do Estado. Em média, cada município vai receber em torno de quatrocentos e pouco mil cada. A AMM decidiu que em alguns municípios, os consórcios farão a divisão e em outros os próprios prefeitos assinaram a distribuição de forma igualitária. Eu tenho todos os ofícios assinados e não fiz nada fora da lei e do que os consórcios me enviaram, a única que fiz fora foi Tangará, e mesmo assim ainda sou atacado dessa forma”, finalizou o senador.