Mais um vídeo de assédio de brasileiros a estrangeiras na Copa causou revolta nas redes sociais. Desta vez, três homens — dois deles com camisa do Brasil — incentivam duas mulheres estrangeiras a falarem "boc*** loura", "vou dar para o Thiago" e outras obscenidades. O grupo se divertia enquanto as jovens tentavam reproduzir o linguajar chulo. O caso chegou às mãos da Defensoria Pública de Minas Gerais, que pediu explicações e punição aos envolvidos nos constrangimentos.
Segundo relatos de internautas, o homem que aparece atrás das mulheres é dono de uma farmácia em Minas Gerais. A "InterTV" obteve uma foto do dono da farmácia ao lado de um funcionário e comparou com as imagens da Rússia: identificou o rapaz, de óculos escuros, como Thiago Botelho, dono de uma farmácia na cidade de Januária, nas proximidades de Montes Claros.
O EXTRA entrou em contato com o estabelecimento. Um homem que não quis se identificar atendeu ao telefone e relatou que Thiago Botelho viajou para a Rússia. O homem não informou quando o empresário saiu do Brasil nem quando volta.
"Eu vou dar para o Thiago. Eu vou dar a boc*** loura", repetem elas.
Assim como a Defensoria mineira, a ativista Alena Popova, que criou uma petição em prol da punição dos brasileiros, recebeu o novo vídeo com denúncias. No registro, o brasileiro segura um copo verde, em cuja lateral há uma palavra aparentemente escrita no alfabeto cirílico. Em dado momento do vídeo, as mulheres são persuadidas a mencionarem Minas Gerais.
"Boc*** loura. I love you, Brasil. Mineiros é fod*", diz um dos homens, para que as mulheres repetissem. "C* do Brasil", reproduzem as jovens após a sugestão dos envolvidos.
A "InterTV" repassou a identificação de Thiago à defensora Maíza Rodrigues da Silva, coordenadora da Defensoria Pública da Mulher na região de Montes Claros — um dos domicílios do empresário. Ao EXTRA, Maíza contou que criticou a atitude dos brasileiros nas redes e recebeu elogios da secretária de um vereador da cidade. Pediu então um encontro com os parlamentares e foi, nesta quinta-feira, discutir o novo caso de assédio na Câmara.
— Essa é uma situação que deixa todas as mulheres vulneráveis. Não só as russas, todas as mulheres. Eu provoquei a Câmara porque acho que não pode ficar por aí. Pode não ter efeito criminal, mas pode ter efeito moral (…) Entendo que é importante para que as pessoas criem uma questão pedagógica. Falar palavrão, mandar mulher fazer isso, é misoginia. Isso acaba gerando violência de verdade. Não é brincadeira — ressaltou Maíza, que planeja um protesto perto de estabelecimentos atribuídos ao empresário quando ele voltar de viagem.
O vídeo teria sido publicado nas redes sociais dos envolvidos. O perfil do Facebook atribuído ao empresário não está mais disponível, e a conta de Instagram não tem postagens. Ele teria apagado seus registros na web após a repercussão de outros casos de assédio.
Em nota entregue à defensora, a Câmara Municipal de Montes Claros ressalta "total apoio" às ações desenvolvidas pela Defensoria Pública da Mulher e "total repúdio aos atos praticados por brasileiros, inclusive monteclarenses" nos casos de assédio revelados em vídeos da Copa da Rússia. O documento é assinado pelo presidente da Casa, o vereador Cláudio Ribeiro Prates.
Na última semana, registros de torcedores que se aproveitavam do desconhecimento da língua portuguesa e estimulavam mulheres a reproduzir frases obscenas, durante a Copa do Mundo, circularam pela internet e motivaram um movimento no Brasil e na Rússia pela punição dos envolvidos.
Reproduzido pela página do Facebook "MOC Alerta", o vídeo dos mineiros causou indignação entre internautas e recebeu mais de sete mil compartilhamentos.