Opinião

Uma assistente social negra no Castelo de Buckingham

Por Jhulia Cleópatra Silva Rodrigues Galdino, aluna do curso de Serviço Social do Univag Centro Universitário

Preconceitos sempre existiram: raciais, contra a emancipação da mulher, a questão de gênero. Meghan Makle e Harry foram discriminados, com comentários sexistas e racistas, quando anunciaram seu noivado.

Rachel Meghan Makle, 36 anos, divorciada, feminista, atriz, ativista e blogueira, autodeclarada mestiça, tornou-se duquesa de Sussex ao casar-se com o príncipe britânico. O casamento badaladíssimo da plebeia, marcado pela cultura negra, quebrou tradições. Um coral evangélico, composto por afrodescendentes, liderado por Keren; Gibson entoou a música Stand By Me, interpretada por Ben e King. A cerimônia também contou com a homilia do reverendo Michael Bruce, que citou trechos sobre o poder do amor, de Martin Luter King; um violão solo do primeiro jovem músico negro a ganhar o prêmio da BBC.

Para além do pomposo dia, alguém parou para pensar quem seria o responsável pela criação que fez da princesa uma mulher corajosa? A tarefa é de Doria Loyce Ragland, uma assistente social, de 61 anos. Meghan declarou em várias entrevistas a importância de sua mãe em sua vida e em sua formação cidadã. Pierre Bourdieu explica que toda relação social nada mais é do que uma construção histórica apreendida, não resta dúvida que toda luta, aprendida com os preconceitos vividos por ambas e pela representatividade de negras que conquistaram seus espaços. Foi Doria quem a acompanhou no trajeto de carro até à igreja, um papel reservado ao pai da noiva.

Meghan é porta-voz de causas minoritárias; é representante da história de seus ancestrais. O casamento real foi mais do que um casamento do príncipe com a plebeia, foi a abertura de portas de um novo tempo, quebrou padrões sociais e de toda a hegemonia social imposta. A família Meghan representa o oposto do padrão conservador da Coroa britânica, é o retrato da miscigenação que o mundo é.

Doria Loyce Ragland não tem nada a fazer no Palácio de Buckingham. Mas pode direcionar o olhar da realeza britânica aos negros dos bairros periféricos londrinos que clamam por ações sociais mais pontuais.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do