Opinião

A Copa e o Dia dos Namorados

Capaz de fazer coisas absolutamente maravilhosas, a humanidade caminha a passos largos para o colapso. A falência global se reflete de forma regional, formando o ser humano cada vez menos humano. E quem mais sofre é a própria raça humana, numa ciranda de consumo autofágico irracional. Como numa seleção natural darwiniana, durante a história, os mais fracos sucumbem. Ao final da Idade Média, a lepra desaparece do mundo ocidental. Às margens da comunidade, às portas das cidades, abrem-se como que grandes praias que esse mal deixou de assombrar, mas que também deixou estéreis e inabitáveis durante longo tempo. Durante séculos, essas extensões pertencerão ao desumano. Do século XIV ao XVII, vão esperar e solicitar, através de estranhas encantações, uma nova encarnação do mal, um outro esgar do medo, mágicas renovadas de purificação e exclusão. 

No novo milênio, é crescente o número de pragas que assolam a humanidade dia a dia. Por exemplo, é assustador o crescente número de viciados nas ruas de todo o mundo. A cada dia aumenta o número de distúrbios, de insanidades, melancolia, a cada dia aumenta a loucura.  Pobres, vagabundos, presidiários e “cabeças alienadas” assumirão o papel abandonado pelo lazarento, e veremos que salvação se espera dessa exclusão, para eles e para aqueles que se excluem. Como um sentido inteiramente novo, e numa cultura bem diferente, as formas subsistirão – essencialmente, essa forma maior de uma partilha rigorosa que é a exclusão social, mas reintegração espiritual. Só no Brasil existem aproximadamente 1,2 milhão de viciados em crack vivendo nas ruas. Uma verdadeira pandemia. Infelizmente Cuiabá não foge à regra. Cracolândias se espalham por toda a cidade, não escolhendo classe, cor ou religião. O abandono e a exclusão dos usuários de drogas se tornam cada vez mais comuns, a maioria abandonada à própria sorte. Mas é Dia dos Namorados. Deixa eu postar minha foto com minha mulher a qual mal e mal nos falando. Na foto vamos estar sorridentes, obviamente. E, claro, com a camiseta da seleção. Afinal é a Copa do Mundo, né gente!

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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