O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi (PP) se manifestou favorável a respeito das atitudes consideradas mais “duras”, adotadas pelo governo federal, para conseguir a desobstrução das rodovias devido a greve dos caminhoneiros, que já atingiu seu décimo dia nesta quarta-feira (30). Segundo o ministro, o presidente não tem outra saída a não ser agir de forma mais firme. Do contrário, não teria condições políticas de continuar no poder.
Em entrevista à rádio Capital FM nesta manhã, Maggi não escondeu a insatisfação com o movimento grevista. Segundo ele, o governo atendeu a 100% das reivindicações dos caminhoneiros e, agora, se há bloqueio das rodovias é devido a questões políticas.
“Toda a pauta que foi trazida [para o governo] foi atendida. Daqui para frente, a paralisação é por outros motivos. Se querem derrubar o presidente, como parece que querem, é um movimento político, mas a sociedade que vai sofrer muito. Os preços dos alimentos vão subir e já estão subindo, o desabastecimento é grande”, afirmou o ministro.
Em razão das obstruções que seguem nas vias, e que prejudicam a economia do país, Maggi concorda com a utilização de medidas mais ‘firmes’ contra os manifestantes. Isso porque, segundo ele, os próprios líderes do movimento já observaram que a greve continua por motivos distorcidos.
“Não estou reclamando dos caminhoneiros. Eles fizeram um movimento, foram atendidos, disseram que estavam prontos para ir embora, mas que agora estão reféns de baderneiros e pessoas que querem se aproveitar para fazer política em um período de política. Não se justifica isso e por isso tem que repudiar e forçar a liberação para a economia voltar ao normal”.
Para o ministro, portanto, ou Temer adota medidas mais eficazes para garantir o fim da greve, ou ele deixa a presidência. “O Governo precisa tomar uma decisão: ou ele desbloqueia todas essas estradas, faz com que as mercadorias voltem a funcionar, que a economia volte a funcionar, ou então, de fato, não tem como continuar. É mais ou menos assim, desculpe a franqueza. É a desobstrução e a economia voltar ou é o pescoço do presidente que vai rolar. E a gente vive o processo democrático”, finalizou.
O movimento de greve dos caminhoneiros já dura 10 dias e começa a perder força em todo o país. Após o decreto que autorizada a atuação das forças armadas, diversos pontos de bloqueio em rodovias federais foram desmobilizados. Segundo Maggi, a ação foi necessária para que a população não sofresse mais, uma vez que o aumento do preço dos alimentos e dos combustíveis já é sentido no bolso do consumidor final.
Em Mato Grosso, na manhã desta quarta-feira, ao menos quatro dos principais pontos foram desmobilizados. Em um dos locais, no Distrito Industrial de Cuiabá, um grupo de manifestantes chegou a se deslocar após terem sofrido rajadas de tiros de bala de borracha e gás lacrimogêneo. Na ocasião, registrada nesta terça-feira (29), eles tentavam impedir a passagem de um comboio de caminhões escoltados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Exército.