Os venezuelanos alojados na Pastoral do Migrante de Cuiabá estão recebendo diversos cursos no local. Uma parceria entre a casa, instituições de ensino e Organizações Não Governamentais (ONGs) está proporcionando as aulas aos migrantes.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é responsável por intermediar as parcerias para que os cursos ocorram. Uma das bandeiras da OIT é o combate ao trabalho escravo e a capacitação é uma maneira de tornar o migrante menos suscetível à situação de escravidão.
Entre os cursos oferecidos até o momento estão: produção de ovo de páscoa caseiro, panificação e biscoito, ministrados pela ONG Moradia e Cidadania. O maior objetivo é que os migrantes apliquem os conhecimentos adquiridos para geração de renda extra.
O casal José Rafael Lista e Johanna Gomez chegou a Cuiabá há cerca de uma semana e juntos participaram do curso de produção de biscoitos. “Fomos muito bem recebidos por todos aqui. O curso está nos ajudando muito, estamos aprendendo bastante coisa”, disse a venezuelana de 43 anos.
Aulas de português, técnicas de empreendedorismo e noções sobre direitos trabalhistas são outros temas abordados na casa. A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) e a Universidade de Cuiabá (Unic) são exemplos de instituições que oferecem cursos na Pastoral.
História
José e Johanna, acompanhados de seus filhos Adán, de 12 anos, e Abrahám, de 14, vieram da Venezuela há aproximadamente um mês. Como ocorrido com a maioria dos venezuelanos, o primeiro destino do casal foi Boa Vista, capital de Roraima. “Lá está muito difícil para arrumar emprego e ficamos sabendo sobre Cuiabá. Fomos selecionados e viemos para cá tentar uma nova vida”, explica o casal.
Antes da grave crise instalada no país vizinho, José trabalhava em uma companhia de gás, enquanto Johanna era recepcionista em um hotel. Ele chegou a perder 47 quilos. “Fazíamos uma alimentação por dia e nossa comida era mandioca. Aqui no Brasil já melhorou muito. Podemos repetir as refeições”, exclama José.
Os dois já realizaram cadastro no Sistema Nacional de Empregos (SINE-MT) e aguardam por vagas no mercado de trabalho. Os filhos estão matriculados em uma escola próxima a Pastoral e já frequentam as aulas. Os quatro convivem com a esperança de juntarem-se a outros três filhos do casal. “Temos um filho em Boa Vista, um em São Paulo e uma filha que ficou na Venezuela. Queremos trazer todos para Cuiabá”, finaliza José.