“O Ministério Público erra quando me relaciona nesta lista”, afirmou o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) nesta segunda-feira (21), ao comentar a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) na quarta-feira passada (16), na qual ele figura como um dos citados na Operação Bereré. A ação investiga o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Para o parlamentar, o órgão investigador estaria agindo contra ele e não baseado em fatos.
“Na minha opinião, o MP, nesse caso específico da operação Bereré, Bônus, não está analisando os fatos em relação a mim. Está analisando a pessoa. Wilson é muito orelhudo, é feio, fala bastante, magricelo, é de um partido que eu não gosto", observou o deputado. Ao tomar conhecimento da denúncia, na quinta-feira passada (17), Wilson Santos já havia se manifestado contra o documento, o qual considerou “ridículo” e “surreal”.
Em entrevista à rádio Capital FM, Wilson Santos minimizou a denúncia e o montante que teria sido recebido por ele, no total de R$12,6 mil, que, ao entender, seria um valor muito irrisório.
“Aqui está um homem que abriu mão de receber, por mês, R$25,3 do FAP há 23 anos. Se eu tivesse recebendo o FAP nesses 23 anos, era uma soma de R$7 milhões. Abri mão de 25 mil reais e ia fazer malandragem na gestão Silval Barbosa, que eu não tinha espaço para nada? Por 12,6 mil? Isso é surreal, é um absurdo”, considerou.
O deputado ainda classificou a denúncia como um “pacote de exageros”, por envolver sete deputados e 51 pessoas, e avaliou que o Ministério Público precisa ser mais cauteloso com o caso. Durante a entrevista, Wilson Santos chamou a atenção para o famoso caso Escola Base, no qual seis pessoas foram acusadas (erroneamente) de fazer orgias sexuais com crianças. Ao final, a escola acabou depredada, as vítimas da acusação se esconderam durante anos e jornais foram condenados a indenizá-los em milhões de reais.
“O que eu quero dizer é o seguinte: está faltando moderação. Não são promotores em início de carreira, não são aspirantes que saem da academia. São promotores rodados, com 10, 15 anos de estrada. Quer dizer, é um pacote de exagero”, pontuou. Ele reforçou, reiteradas vezes, que nenhum dos delatores da operação sequer mencionaram seu nome.
“Quando eu vejo aqui uma denuncia de 58 pessoas… Pode escrever aí, 50 serão absolvidas. Até serem absolvidas daqui 5, 6, 7, 8, 15, 20 anos, vão estar desmoralizadas perante a sociedade. Algumas com bens bloqueados, não podendo fazer mais relação com órgão público, perde cheque especial, perde tudo, porque… 58 pessoas denunciadas!”, comentou o deputado.
Conforme a denúncia oferecida, o deputado teria recebido R$ 12,6 mil para não fiscalizar o órgão estadual. O dinheiro seria pago pelo deputado Eduardo Botelho (DEM) e repassado por seu irmão, Elias Santos Filho, em quatro pagamentos: o primeiro, em maio, de R$600, o segundo em junho de R$5 mil, R$4 mil em julho e R$3 mil em agosto, todos em 2015. Com isso, ele faria parte do grupo de deputados que teriam recebido propina para não denunciar os desfalques do Detran.
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