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Deputados recebiam para não denunciarem desfalques, diz MPE

A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) relativa à Operação Bereré incluiu sete deputados (o presidente da AL entre eles) e todos supostamente receberam dinheiro desviado do contrato do Detran-MT com a EIG para deixar a coisa rolar solta, diz o documento oriundo da investigação feita pela entidade de controle divulgado na quarta-feira (16).

Todos, então, foram denunciados por, além de receber grana ilegal, manterem-se quietos para seguir beneficiando-se do esquema criminoso, sempre de acordo com o MPE, numa espécie de pacto digno de máfia.

Foram denunciados os deputados Mauro Savi (DEM), Eduardo Botelho (presidente da AL, PSB), Baiano Filho (PSDB), Wilson Santos (PSDB), Romoaldo Júnior (PMDB), Zé Domingos (PSD) e Nininho (PSD), além do ex-deputado João Malheiros (PR).

Os líderes seriam Mauro Savi e Eduardo Botelho. Esse núcleo de liderança teria conseguido desviar algo em torno de R$ 30 milhões de dentro da autarquia que cuida dos encargos relacionados ao trânsito em todo o Estado.

Com eles, trabalhavam no pior sentido do termo o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado federal Pedro Henry, do lado político. Eram auxiliados por funcionários do Detran, como o ex-presidente Teodoro Lopes, o Dóia, e o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques.

“Eles concorrem ou concorreram para as atividades da organização criminosa por, a despeito de terem plena consciência de que os contratos administrativos de delegação de serviços públicos pelo Detran-MT a empresas privadas são mantidos em razão do recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos particulares integrantes do grêmio delituoso, deixarem de exercer a função constitucional fiscalizatória dos atos do Poder Executivo que são ínsitas ao mandato e indisponíveis”, diz a denúncia, referindo-se, obviamente, aos deputados estaduais.

O MPE aponta ainda que a origem dos pagamentos ilegais recebidos pelos deputados era mantida sob sigilo com o concurso e conluio de vários asseclas, funcionários da Assembleia, do próprio Detran, da EIG Mercados, da FDL Serviços, além de parentes e pessoas próximas dos políticos e desses funcionários. O dinheiro vinha essencialmente da liberação dos documentos de alienação fiduciária (após quitados) dos carros dos cidadãos mato-grossenses.

A posição de Mauro Savi como líder entre os líderes do esquema era tão inabalável e evidente, sempre de acordo com a denúncia do MPE, que este era sempre apontado como “dono” do Detran, responsável pela indicação de Doia. Foi quando chegaram a ele que o esquema ruiu, pois Doia decidiu delatar o esquema no correr das investigações.

“Além disso, todos eles são e/ou foram destinatários de parcela de tais vantagens indevidas, como contraprestação pela sua intencional omissão”.

Do núcleo de servidores e ex-servidores da Assembleia foram citados Tschales Franciel Tscha, ligado ao deputado Nininho, Jorge Batista da Graça, a cuidar dos interesses de Zé Domingos, Luiz Otavio Borges e Wilson Pinheiro Medrado, a serviço de Baiano Filho, e Valdemir Leite da Silva, da parte de Romoaldo Júnior.

A lavagem da dinheirama ilegal era feita por parceiros comerciais e empresários com ligações com os deputados e ou empresas, funcionários públicos e demais operadores do esquema. Entre os nomes desses estão os de Cleber Antonio Cini, Claudinei Teixeira Diniz, Marcelo Henrique Cini, Valdir Daroit, Elias Pereira dos Santos Filho (irmão do deputado Wilson Santos), Jurandir da Silva Vieira (sócio da Solução Cosméticos) e Marilci Malheiros Fernandes de Souza Costa e Silva.

Eram, no entender do MPE, “um grupo especializado de lavagem de dinheiro dentro da organização criminosa, o que fazem de forma remunerada, de modo que são destinatários finais de parte das propinas recebidas pelos componentes dessa organização criminosa”.

A organização, conforme o MPE, era composta por três núcleos: liderança (Mauro Savi, José Eduardo Botelho, Silval da Cunha Barbosa, Pedro Henry, Teodoro Moreira Lopes e Paulo Cesar Zamar Taques, cada um em épocas diferentes); os de operação (empresários e funcionários públicos concursados ou não) e um subalterno (empregados dos deputados e outros).

Na denúncia, os promotores informam ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso que inquéritos complementares já foram instaurados para apurar o envolvimento de outras pessoas e de outros fatos criminosos.

Veja a lista dos outros denunciados:

– ANTONIO DA CUNHA BARBOSA FILHO

– PEDRO JORGE ZAMAR TAQUES

– JOSÉ KOBORI

– CLAUDEMIR PEREIRA DOS SANTOS

– ANTONIO EDUARDO DA COSTA E SILVA

– MARCELO DA COSTA E SILVA

– RAFAEL YAMADA TORRES

-ROQUE ANILDO REINHEIMER

– MERISON MARCOS AMARO

– DAUTON LUIZ SANTOS VASCONCELLOS

– HUGO PEREIRA DE LUCENA

-JOSÉ HENRIQUE FERREIRA GONÇALVES

-JOSÉ FERREIRA GONÇALVES NETO

-JOÃO ANTONIO CUIABANO MALHEIROS

-MARILCI MALHEIROS FERNANDES DE SOUZA COSTA E SILVA

-CLEBER ANTONIO CINI

-ODENIL RODRIGUES DE ALMEIDA

– TSCHALES FRANCIEL TSCHA

-CLAUDINEI TEIXEIRA DINIZ

– MARCELO HENRIQUE CINI

– VALDIR DAROIT

-JORGE BATISTA DA GRAÇA

– ELIAS PEREIRA DOS SANTOS FILHO

– LUIZ OTAVIO BORGES DE SOUZA

– WILSON PINHEIRO MEDRADO

– VALDEMIR LEITE DA SILVA

– JURANDIR DA SILVA VIEIRA

– TIAGO VIEIRA DE SOUZA DORILEO

– ANTONIO FERNANDO RIBEIRO PEREIRA

– ADRIANA ROSA GARCIA DE SOUZA

-JOVANIL RAMOS DOS SANTOS

– RAFAEL BADOTTI

-FRANCISCO CARLOS FERRES

-SILVANA BADOTTI FERRES

-VINICIUS PINCERATO FONTES DE ALMEIDA

-ANDREO DARCI MENSCH LEITE

-SONIA REGINA BUSANELLO DE MEIRA

-DASAYEVIS SEBASTIAO MIRANDA DE LIMA SILVA

-LUCIANO DE FREITAS AZAMBUJA

-ROBERTO ABRAO JUNIOR

-IVANILDA SANTOS HENRY

-WALTER NEI DUARTE RAMOS

-ONEIDA FERREIRA DE FREITAS E SILVA

-DULCINEIA RUFO CAVALCANTE CINI

-GONÇALO JOSÉ DE SOUZA

-MARCELO SAVI

Redação

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