O governador Pedro Taques (PSDB) afirmou que não vai permitir que joguem o nome de sua família “no lixo”. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (10), em entrevista à imprensa, referente à prisão de dois primos do chefe do Executivo, acusados de usar a máquina pública para lavagem de dinheiro e desvio de recursos do Detran.
Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, e Pedro Jorge Taques são primos do governador e foram dois dos seis alvos da Operação Bônus (2ª fase da Operação Bereré), deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta quarta-feira (9). Na ação, também foram presos de forma preventiva o deputado estadual Mauro Savi (DEM) e três empresários.
Apesar do envolvimento os primos, sendo que um foi do primeiro escalão do governo desde o início do mandato, o governador afirmou que não tem “compromisso com o erro de quem quer que seja”. Ele defendeu que todos os acusados sejam investigados e os culpados sejam responsabilizados. No entanto, afirmou que não vai julgar os primos por não conhecer o teor do processo.
“Se alguém cometeu um crime, tem que ser investigado, tem que ser processado com ampla defesa do contraditório. Ninguém está acima da lei. Este fato precisa ser investigado. Agora, eu não costumo e não vou fazer isso, julgar a pessoa antes de conhecer o processo”, ponderou.
Segundo Taques, o governo do estado tomou todas as providências e “fez tudo o que poderia fazer” a respeito do contrato de serviços entre o Detran e a EIG Mercados, empresa apontada como pivô no esquema de corrupção. “Temos um decreto de intervenção que relaciona todos os atos praticados pelo governo, desde o decreto 02, em que determinamos uma auditoria. O que o governo do estado poderia fazer, ele fez”. “Vou querer saber qual ato foi praticado na nossa administração que trouxe prejuízo ao cidadão. Porque nós praticamos todos os atos necessários. Fomos ao MPE, todos os secretários foram lá".
O chefe do Executivo ainda comentou sobre a declaração do primo, também Pedro, que comentou que, mesmo afastado, Paulo Taques continua sendo influente no governo.
“Isso é uma declaração dele. Eu não converso com Paulo Taques há quase ano. Não há nenhuma influência dele no Governo, tanto que todas as áreas já foram preenchidas. Agora precisa provar qual ato foi esse. Qual ato o nosso Governo praticou de errado, de ilícito, de imoral, para que seja responsabilizado. Objetivamente é isso. Eu não vou julgar as pessoas antes de conhecer o processo. Estão querendo jogar o nome da minha família no lixo e isso eu não vou permitir.”
Taques ainda afirmou que não vai "permitir que aqueles que roubaram Mato Grosso possam enxovalhar, menoscabar" sua família, que está em Mato Grosso desde 1920, segundo ele.
Operação Bereré – primeira fase
A primeira fase da Bereré foi deflagrada em fevereiro deste ano, após investigações nascidas no meio da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o Doia. Ele entregou que ele, políticos, funcionários públicos e empresários fraudavam o Detran em pelo menos R$ 1 milhão mensal desde 2009.
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em imóveis e escritórios. A EIG Mercados tem contrato para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos por 20 anos e amealhava, até meados de 2015, quando o esquema começou a ser investigado, 90% de toda a arrecadação anual do Detran, de R$ 25 milhões.
Em março deste ano, o Gaeco passou a investigar os deputados estaduais Wilson Santos (PSDB), José Domingos Fraga (PSD), Ondanir Bortolini (PSD), conhecido como Nininho, Baiano Filho (PSDB) e Romoaldo Júnior (MDB). Por possuírem foro privilegiado, a investigação teve que ser autorizada pelo Tribunal de Justiça (TJMT).
Operação Bônus – segunda fase
As prisões preventivas desta quarta-feira atendem a mandados judiciais expedidos pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, José Zuquim Nogueira. Ao todo, são seis mandados de prisão e cinco de busca e apreensão. Eles foram cumpridos em Cuiabá, São Paulo e Brasília.
No primeiro horário da manhã, quatro mandados já haviam sido cumpridos, entre eles os do ex-secretário Paulo Taques e do deputado estadual Mauro Savi (DEM), além dos empresários Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, vulgo “Grilo”. Em Brasília, um quinto mandado foi cumprido por volta das 7h30. Lá foi preso o empresário José Kobori.
Segundo as investigações, todos os presos, juntos, teriam recebido R$30 milhões com o esquema.
Os depoimentos dos presos foram marcados para esta quinta-feira.
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