A juíza Anna Paula Gomes Freitas, da Segunda Vara Criminal de Tangará da Serra, denunciada por publicar, em seu perfil do Instagram, selfies nas quais diminui advogados durante audiência, publicou uma nota explicativa neste sábado (14). Segundo ela, suas publicações, que são fechadas à amigos, viralizaram de forma "equivocada". O caso ganhou notoridade na sexta-feira (13) e, no mesmo dia, foi levado à Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), que lamentou a “brincadeira”.
Por meio de nota, a magistrada destacou a grande porporção que o caso tomou. Ela também comentou que suas publicações são fechadas à amigos e que, de alguma forma, acabou sendo levada à público. Por isso, ela sentiu "a necessidade de explicar".
Segundo a juíza, a pessoa que a aparece nas selfies não é Anna Paula "magistrada", mas uma "cidadã comum – que reclama da fila do banco ou de uma atituide semelhante". Por isso, avaliou ela, a publicação ganhou notoridade de forma "equivocada".
Anna Paula fez questão de citar os 14 anos de dedicação à magistratura e destacou o respeito que sente pelos colegas advogados. Ela escreveu: "A advocacia é uma profissão à qual servi, honrei e sempre respeitei e da qual tenho muito orgulho pois, antes de magistrada, fui advogada".
Ela finaliza a nota direcionado o recado aos advogados: "Quem atuou comigo nas cinco comarcas que citei, sabe do respeito, da isonomia e da seriedade com os quais sempre tratei a classe – que compreendo o importante papel quem possuem diante da sociedade".
O caso
Em seu perfil, que tem mais de 3,4 mil seguidores, a magistrada publicou duas fotografias tiradas durante audiência presidida por ela. Nas imagens, ela escreveu: “Aquela falta de paciência que vai dando quando a audiência é estressante e o advogado começa a fazer pergunta idiota”. Depois, uma novo foto dizia: “Aquela satisfação quando da pergunta idiota vem uma resposta que é tudo que a defesa não queria ouvir”.
O presidente da OAB-MT, Leonardo Campos, informou que o caso já foi levado à Corregedoria do Tribunal de Justiça (TJMT). Em nota, Leonardo lamentou as publicações, e disse que a juíza foi “extremamente infeliz e fez comentários desnecessários”. Ele escreveu: “A pertinência da pergunta é avaliada pelo advogado que traça toda uma estratégia de defesa, assim, totalmente desnecessário e impertinente tais cometários”.
De acordo com a assessoria da CGJ, o processo corre em sigilo. Portanto, não há confirmação de que a OAB tenha feito denúncia formal. No entanto, caso haja processo, os trâmites serão seguidos e, com base na investigação da Corregedoria, deverá ser aplicada uma sanção à magistrada.
Confira a publicação com nota, emitida pela juíza, abaixo:
Bom dia!
Recentemente, por meio deste meio de comunicação – sim, trata-se de um meio de comunicação que em muitas vezes usamos de forma casual – fiz duas postagens que devem ser refletidas. Por este motivo, emito uma nota à sociedade, à imprensa e, principalmente, aos advogados, no post a seguir:
Nota pública
Em outubro deste ano completo 14 anos no pleno exercício da magistratura em Mato Grosso. Cargo que ocupo com honra, amor, dedicação e responsabilidade. Ao longo desses anos, atuei nas comarcas de Nova Canaã do Norte, Colíder, Alto Araguaia, Alta Floresta e, agora, em Tangará da Serra. Isto, sempre trilhando um trabalho sério em favor da população e do Estado, pautada no respeito com agentes que compõem o trâmite jurídico.
Contudo, infelizmente, em data recente, a cidadã comum – que reclama da fila do banco ou de uma atitude de um semelhante – tomou o lugar da juíza. As declarações que postei na minha rede social (fechada supostamente só para amigos) foram postas à população, aos magistrados e, principalmente, aos advogados em geral, e tomaram grandes proporções na mídia.
Infelizmente, viralizou de forma equivocada, pois jamais tive a intenção de praticar qualquer ato de ironia, ou, desrespeito para com quem quer que seja, principalmente para com os advogados.
A advocacia é uma profissão à qual servi, honrei e sempre respeitei e da qual tenho muito orgulho pois, antes de magistrada, fui advogada.
E é para os advogados que dedico este último trecho desta nota. Quem atuou comigo nas cinco comarcas que citei, sabe do respeito, da isonomia e da seriedade com os quais sempre tratei a classe – que compreendo o importante papel quem possuem diante da sociedade.
Em respeito à população, aos advogados, bem como pela Justiça, senti a necessidade dessa explicação, como forma de retração.
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