A família do aluno bombeiro Rodrigo Claro, morto em 2016, levou mais um duro golpe nesta quarta-feira (04) no Fórum de Cuiabá, onde viu o processo contra a tenente Izadora Ledur, acusada de ter provocado a morte de Rodrigo ser transferido para a Vara Militar, o que fará com que a aflição dos familiares em busca de uma condenação dos culpados dure mais um ano e meio. A decisão é do juiz Marcos Faleiros, da 7ª Vara Criminal, onde o caso tramitava.
“Gera uma frustração, pois acreditávamos que após a audiência de hoje (quarta-feira) já sairia uma sentença e agora volta tudo de novo. Todo o sofrimento, toda angústia, toda espera. Então é voltar e retroagir bastante, mas como eu disse ao juiz, independente do processo estar na sétima vara, ou estar na 11ª vara, a minha luta continua sendo a mesma”, disse Jane Claro, mãe de Rodrigo.
A família tem se mostrado persistente durante todo esse tempo e tem lutado por justiça e para que os culpados pela morte de Rodrigo sejam punidos e respondam criminalmente pelos crimes cometidos durante o 16º curso de formação do Corpo de Bombeiros. A família tem recebido apoio da Associação de Famílias Vítimas de Violência (AFVV).
“Já que houve a decisão de ir para a Justiça Militar, esperamos que todo o processo comece do zero. Então todas as pessoas que fizeram acordo com o Ministério público, com a defesa e o juiz, tenha esses acordos anulados e todos os réus sejam encaminhados a Justiça Militar para saber quem é inocente e quem é culpado”, afirmou Heitor Reis, representante da AFVV.
Oitava licença médica
Em meio ao imbróglio de mudanças de varas, a tenente afastada das atividades Izadora Ledur, continua recebendo o seu salário integralmente, hoje no valor de R$ 13.299,00. Esposa e filha de militar, ela conseguiu "mais uma" licença médica, sendo esta a oitava consecutiva. Com isso, o Conselho de Justificação Militar, que decidirá se ela continua ou não fazendo parte da classe do Corpo de Bombeiros, fica paralisado, até que ela tenha 'condições' para responder ao conselho.
A decisão de mudança de vara ocorreu por uma alteração na legislação com origem no PLC 44/2016, aprovado na Câmara dos Deputados em julho de 2016 e no Senado no dia 10 de outubro. O texto altera o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001 de 1969) para prever que serão da competência da Justiça Militar da União os crimes dolosos (intencionais) contra a vida cometidos por militares das Forças Armadas contra civil.
A morte de Rodrigo
No dia 10 de novembro de 2016, aluno do curso de formação do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Rodrigo Claro, realizava um treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, quando ele passou mal e foi liberado.
O jovem foi encaminhado à Policlínica do Verdão para receber os primeiros socorros, mas acabou sendo transferido para o Hospital Jardim Cuiabá. Ele deu entrada no hospital com aneurisma cerebral após ter recebido uma suposta série de afogamentos durante o curso.
Rodrigo Claro permaneceu internado por cinco dias até sua morte.
O soldado já havia relatado a conduta da oficial do Corpo de Bombeiros que comandava o curso de treinamento. Rodrigo afirmou que ocorreram outros casos e que as sessões de afogamento eram comuns. Outros alunos que estiveram no curso, confirmaram a perseguição da tenente com o então aluno.
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