Selma Arruda está, oficialmente, fiiada ao Partido Social Liberal (PSL). O ato de filiação foi assinado na tarde desta quinta-feira (5), em evento com a imprensa. Na ocasião, a magistrada recém aposentada tornou a manifestar a relação com o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato à presidência pelo partido, e expôs sua visão sobre temas polêmicos apontados pelo correligionário.
A decepção com a magistratura foi o que deu gás para que Selma Arruda decidisse disputar as eleições. Segundo ela, a decisão foi tomada quando percebeu que a legislação só era bonita no papel. Então, ao invés de esperar por uma mudança, decidiu “parar de reclamar, ir à frente e fazer alguma coisa”.
“Eu só tive certeza quando proferi uma sentença na Operação Sodoma 1, que tinha 700 e poucas laudas”, disse à imprensa. “É um livro. E nessa sentença eu percebi que, por mais que eu tivesse escrito aquele livro, ele não trouxe resultado nenhum. Eu não consegui, agindo da forma como a lei determina, aplicar a justiça, fazer a justiça da forma que eu devia ter feito. Porque as imposições e limitações da lei me obrigavam e me arraram naquilo daqui”, disse emocionada.
Questionada sobre a escolha do partido, conhecido por ter visões extremistas como o apoio à tortura, manifestado por Bolsonaro, e a homofobia, expressada, também, pelo deputado federal por Mato Grosso Victório Galli, Selma destacou que não o escolheu pelas ideias do partido, mas pelas pessoas que o compõe.
“Eu acredito que o deputado Bolsonaro tem condições de chegar à Presidência da República, eu acredito que ele tem potencial, e acredito também nos companheiros que estão militando uma candidatura ou pré candidatos”, manifestou. A pré-candidata também destacou que não concorda com alguns posicionamentos do líder partidário, Bolsonaro, e destacou que não se filiou à ele, mas ao partido ao qual ele pertence.
Segundo Selma, foi a postura favorável ao liberalismo econômico e o estado democrático de direito, pregados pelo PSL, que a fez optar pelo partido. “O liberalismo económico, eu sempre achei que co-atua com o combate a corrupção, porque, quando você pensa no liberalismo econômico você pensa num estado enxuto, e as necessidades básicas da sociedade gerida pela própria sociedade. Então isso diminui a possibilidade da corrupção. Quanto maior o estado, mais bagunçado e mais corrupto”, explicou.
Para os jornalistas, Selma também revelou sua opinião sobre temas considerados polêmicos, como a liberação do uso de armas, a elaboração de programas sociais por parte do governo, o sistema penitenciário do Brasil, e os possíveis rumos na política. Sobre o último dela, ela destacou que não pretende assumir cargo que não seja no Poder Legislativo.
“Eu não tenho intenção de ser governadora. Eu digo e repito. Eu não tenho, eu não sei administrar. O que eu tenho é uma pós-graduação em Direito Administrativo, não sei se isso serve”, brincou. Mesmo admitindo inexperiência política, ela destacou que já está preparada para a nova vida e reforçou que não abrirá mão de seus ideias. Caso o partido opte por questões que Selma sempre se posicionou contrária, a solução é simples: “Eu saio”. Ela ressaltou que deverá manter seus ideais e postura.
Selma Arruda é foi aposentada pelo Tribunal de Justiça de Mato (TJMT) no dia 27 de março. Com 22 anos de serviço, ela acredita que sua bagagem jurídica fará a diferença na política. “A forma que eu me vejo atuando é na legislação, porque eu trabalhei a vida inteira com lei”.