O que parecia ser uma caminhada fácil para formação de candidaturas majoritárias fortes dentro do Democratas sofreu um abalo neste início de semana, com divergência pública e críticas de parte à parte propaladas pelo ex-presidente do DEM Dilmar Dal Bosco e duas de suas principais lideranças, os irmãos Júlio e Jayme Campos. O primeiro diz que sequer foi consultado sobre a nova composição do diretório regional e Jayme o desmentiu, afirmando que ele, além de saber de tudo, tinha carta branca para indicar nomes.
Um impasse que chegou ao ponto de Dal Bosco falar abertamente em não descartar a possibilidade de sair do partido e chegar a admitir conversas com outras siglas, do PSDB ao PR e pelo menos outros quatro. As declarações foram dadas ao jornalista Paulo Coelho, da rádio Capital FM, e a um site de notícias local.
Uma reunião para aparar as arestas foi realizada na terça (27), mas ainda não se chegou a um termo definitivo na rusga nascida após Dal Bosco dizer com todas as letras que Júlio Campos combinara com ele uma coisa na sexta-feira (23), dentro do gabinete na Assembleia Legislativa, para simplesmente colocarem, na companhia do diretório nacional, no encontro daquela noite (ao qual ele sequer compareceu) já empossando Fábio Garcia (novo filiado) e tornando-o tesoureiro. O ato o deixou por demais descontente e magoado.
“No dia 23 foi esse grande evento do partido, o qual com toda certeza, como presidente ou ex-presidente, convidei várias pessoas. Me dediquei a esse trabalho para novas filiações dentro do partido e, com toda certeza, o partido cresceu bastante em Mato Grosso, mas um dia antes eu sentei com o ex-governador Júlio Campos, que veio ao meu gabinete no período da manhã, falando que a gente colocasse os nomes em uma reunião para decidir como seria montada a nova provisória”, disse o deputado Democrata à rádio.
Ao Circuito Mato Grosso, na manhã desta quarta-fira (28), o deputado Dilmar Dal Bosco foi lacônico ao comentar o assunto. “Está tudo certo”, disse, por telefone, sem dar maiores detalhes. Ontem (27), porém, o tom era outro.
Dal Bosco disse que Júlio garantiu a ele que entrara em contato com o deputado federal Fábio Garcia (agora novo presidente) e que também falara com o irmão, Jayme, para oficializar as coisas somente na segunda-feira (26) ou terça (27), em reunião entre todos. Porém, foi pego de surpresa pelo ato de sexta, com anuência e presença de ACM Neto. “Com certeza faltou transparência”.
O ex-senador Jayme Campos rebateu afirmando que “na verdade foi tudo combinado. Eu particularmente não fiz nenhuma imposição. Acho que foi democrático. Se nós queremos construir um projeto de unidade, grande, temos que ter a sensibilidade de se despojar de algum cargo ou intenção de caráter pessoal”, encerrou.
Tudo deve terminar definitivamente, ao menos por agora, já que as marés mudam constantemente em velocidade indescritível em época de eleição, na reunião marcada entre Jayme, Dilmar, Fábio Garcia e Júlio Campos. Em local e horário não divulgados.