Política

Acusações, brigas e tapas fazem CPI do Paletó pegar fogo

A terceira semana de março trouxe a exaltação dos ânimos entre os vereadores em torno da chamada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó. Aconteceu de tudo: bate-bocas entre Renivaldo Nascimento (PSDB) e Felipe Wellaton (PV), aparecimento de suposta funcionária fantasma no gabinete do presidente da CPI, Marcelo Bussiki (PSB), acusação do presidente Justino Malheiros (PV) a colegas como Bussiki e Wellaton de estarem procurando holofotes para a eleição e, por fim, interferência da justiça, que suspendeu os trabalhos.

Em plena sessão na terça (20), Felipe Wellaton protocolava pedido à Comissão de Ética da Câmara para que analisasse o ato de Renivaldo Nascimento, que na sexta-feira (16) anterior havia tentado, de maneira bastante agressiva, tomar o celular do colega de mandato, que tentava gravar uma live para mídias sociais.  Da tribuna, Wellaton discursou. “Eu peço censura (à atitude do verde) porque, se o ato ocorrer novamente, quero que ele seja punido de forma mais severa”.

Na sequência, foi a vez de o tucano ir ao mesmo púlpito para dizer-se “triste com o ocorrido” e logo depois fazer ameaça velada ao colega do qual ele havia tentado arrancar o celular à força, à vista de todos os presentes, na base do bom e velho “respeito é bom e eu gosto” e as conhecidas bravatas de boteco, como: “não vou deixar ninguém pisar na minha cabeça”, “vou te colocar no seu lugar”, “me respeita, que eu te respeito” e “você agiu na surdina e de forma covarde”. Frases que foram num crescendo até chegar num mais comprometedor e bem menos sutil “se não respeitar, eu te atropelo”.

Fora da exaltação da casa de leis, uma reportagem de televisão acusou Marcelo Bussiki, no começo da tarde de segunda-feira (19), de manter uma funcionária que não vai trabalhar em seu gabinete a um custo de R$ 4 mil mensais.

É tudo show

Na manhã da mesma segunda, quem protagonizou um momento mais próximo da Grécia das comédias e menos da República foi Justino Malheiros. Ele falou com todas as letras que as tentativas de Bussiki, presidente da CPI, e Felipe Wellaton, de tentar estender os pedidos de oitivas e requerimentos eram nada além de busca por palanque devido à chegada do período eleitoral deste 2018.

“Quanto mais a CPI for prorrogada, mais palanque político eles têm”, comentou Malheiros, também presidente, só que da Câmara toda. Ele deixou claro que na percepção dele não há nada errado no fato de a comissão ser composta por dois vereadores pró-prefeito (assim como ele próprio), Adevair Cabral (PSDB) e Mário Nadaf (PV), sendo o primeiro o relator.

“Não houve nenhuma ilegalidade e todos foram indicados em reunião do colégio de líderes” e assim não foram contra nenhuma norma do regimento interno da Câmara, disse Malheiros, sobre a CPI instaurada em novembro passado e que não ouviu testemunhas-chave, como o funcionário Kleberson, o Coxinha, nem o irmão de Emanuel, Marco Polo “Popó” Pinheiro, ou o próprio prefeito.

A justiça diz ‘peraí’

No domingo (18), uma decisão da justiça suspendeu os trabalhos da comissão em caráter liminar. A medida foi tomada cerca de quatro meses após a criação da mesma. A alegação foi justamente irregularidade em sua constituição, considerando que dois de seus três componentes assinaram petição para abertura da CPI apenas após a mesma já ter sido protocolada, com nove assinaturas de vereadores oposicionistas.

A CPI investiga a finalidade e destinação do dinheiro que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) aparece em vídeo recebendo (e derrubando do casaco) quando ainda deputado dentro da sala do chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Sílvio Correa, que já disse nessa mesma comissão, com todas as letras, que os maços eram referentes à propina paga por Silval à maioria dos deputados (ambos, aliás, sustentam isso em delações premiadas à justiça).

Como último ato, na manhã de terça-feira (20), Justino Malheiros disse que há grande possibilidade de instalação de uma comissão para apurar possível quebra de decoro parlamentar sim, mas cometida pelo vereador Marcelo Bussiki devido à tal servidora, uma senhora de 69 anos, aposentada da Sinfra, no gabinete.

“Farei o que a lei manda. Se preencher os requisitos do regimento interno, vamos abrir uma comissão para apurar fatos relacionados ao vereador e se houve eventual quebra de decoro”, afirmou Justino. Foi o fim do último e mais recente capítulo (ao menos até o fechamento desta edição) da novela chamada CPI do Paletó.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões