Paulista de Dracena, Wilson Pereira dos Santos, 54 anos, está em pré-campanha pela reeleição. Partidário do PSDB desde os tempos de Dante de Oliveira e Fernando Henrique Cardoso, começou com 26 anos na política. Já foi vereador e elegeu-se deputado estadual pela primeira vez em 1990. Também é ex-prefeito da capital e ex-deputado federal. Continua ainda hoje com o estilo indefectível do político boa-praça, brincalhão, do tipo que procura desarmar qualquer animosidade com brincadeiras e uma espécie de assertividade não passiva.
Para alguns, Wilson é o exato oposto do governador Pedro Taques, visto como um homem de difícil trato, especialmente na vida pública. Questionado se teria como “ensinar carisma” para o chefe do Executivo, se sai com uma das dele: “eu tenho é que aprender com ele. Grande líder. Correto, republicano”. Leia a seguir entrevista exclusiva concedida ao Circuito Mato Grosso na qual Wilson Santos defende ferrenhamente o governo de Pedro Taques, traça planos para o futuro do PSDB e relembra como foi a votação que concedeu uma comenda a João Arcanjo Ribeiro, hoje um ‘homem melhor’, nas palavras do próprio deputado.
Circuito Mato Grosso – O senhor vai mesmo se candidatar à reeleição?
Wilson Santos – Sim. Sou candidato à reeleição. Já na próxima terça-feira (20) estarei de volta à Assembleia Legislativa. Eu e o deputado Max Russi.
Circuito Mato Grosso – Vai retornar à gestão Pedro Taques?
Wilson Santos – Não. Sendo eleito, não tenho planos de voltar a compor o staff do governo. Se tivéssemos sido chamados antes, claro que teríamos feito muito mais, porque um ano é o tempo apenas de adaptação e de definir estratégias para então começar a deslanchar os trabalhos e projetos.
Circuito Mato Grosso – Ainda tem como terminar o VLT e torná-lo um bom negócio?
Wilson Santos – Claro que sim. O VLT será retomado, com toda certeza acredito ainda nesse projeto.
Circuito Mato Grosso – Como, depois de tantos prejuízos causados pelo quase nada construído até aqui?
Wilson Santos – A gestão Silval (sem partido) perdurará ainda por muitos anos dando prejuízos ao Estado de Mato Grosso. As consequências maléficas vão atravessar uma década, consequentemente, o povo está pagando caro por essa gestão corrupta. O VLT é um dos principais exemplos disso, porque ao assumir que ele recebeu R$ 18 milhões de propina, ele conseguiu retardar a retomada das obras.
Circuito Mato Grosso – Falava-se muito que ele e Blairo Maggi (PP) seriam a renovação na política. O senhor viu assim também?
Wilson Santos – (irônico) Pra você ver que nem toda renovação é válida…
Circuito Mato Grosso – Jajah Neves estava falando a verdade? (sobre as acusações feitas em áudio vazado em janeiro deste ano, no qual o suplente de Wilson Santos na Assembleia Legislativa cita suposta cobrança de devolução da verba indenizatória de R$ 65 mil paga mensalmente). A que o senhor atribui a conversa atribuída a Jajah?
Wilson Santos – Eu não tenho noção do que o levou a fazer aquilo. Se é que aquela voz é dele, porque ele até hoje não afirmou se é ou não. Eu fui ao Ministério Público, falei com o doutor Hélio Fredolino, entreguei a ele um ofício pedindo investigação. Fui ao deputado Dr. Leonardo e ao presidente Botelho com ofício para pedir investigação. Fui chamado, compareci perante o promotor e levei três declarações de três suplentes meus, o conselheiro Antonio Joaquim, o jornalista e radialista Lino Rossi e o presbítero José Magalhães. Os três deram declarações de forma honesta de que na nossa relação nunca houve nada ilegal, ilícito ou imoral. Estou aguardando o relatório do MP com relação a isso. Estou tranquilo, consciente e ansioso. Peço à população que está lendo o jornal que acompanhe o desenrolar desse assunto até o final.
Circuito Mato Grosso – Não tem medo de que isso resvale em Pedro Taques neste ano de eleição?
Wilson Santos – Absolutamente não. Porque eu conheço minha prática e tenho a consciência tranquila.
Circuito Mato Grosso – A verba indenizatória sem necessidade de comprovação de uso não alimenta esse tipo de problema?
Wilson Santos – Não necessariamente. Eu, por exemplo, realizo em maio, junho, o terceiro simpósio sobre dislexia. Um simpósio caríssimo, custa mais de R$ 100 mil. Parte desse dinheiro é bancado por verba indenizatória, fiz 13 grandes audiências públicas para discutir a qualidade da educação em Mato Grosso, a maior parte desses gastos foi bancada pela verba indenizatória, e não são gastos baratos. Cada um a utiliza como entende, eu utilizo para o exercício rigoroso do mandato.
Circuito Mato Grosso – Não acha que a falta de uma regra favorece aqueles que não estão assim tão preocupados com o bem comum?
Wilson Santos – Eu não sou nada contra prestar contas. Quando havia a obrigatoriedade, eu o fazia. Me lembro quando começou, nem aceitava, comprava ambulância para lugares carentes, Casa da Mãe Joana, associações de moradores, dei Kombis, fiz creches e postos policiais. Continuo utilizando de maneira correta, em benefício da população.
Circuito Mato Grosso – Como o eleitor faz para saber que não está votando contra si mesmo nas eleições?
Wilson Santos – No que o eleitor deve estar cada vez mais antenado é para manter aqueles que já foram testados e aprovados, experientes e honrados e até renovar sim, mas com qualidade, porque renovar por renovar acaba resultando em decepções e frustrações. Então o eleitor tem que mergulhar um pouco mais nessa visão, com um olhar mais rigoroso e criterioso para fazer as melhores escolhas.
Circuito Mato Grosso – O senhor ainda conta com o DEM como aliado para tentar reeleger o governador?
Wilson Santos – Sim. Contamos sim. O governador Pedro Taques está numa crescente. Pesquisas apontam redução da rejeição em todo o estado. Além disso, ele tem um pacote de obras que nenhum governador teve em sua gestão. É trabalhador, um monstro pra trabalhar, e o pior já passou.
Circuito Mato Grosso – Acha que ele tem força e fôlego para derrotar uma candidatura Jayme Campos e Mauro Mendes, mesmo com a base cada vez mais esvaziada?
Wilson Santos – Tenho certeza. Acredito que Taques vence as eleições contra qualquer um e ainda no primeiro turno. Acho que tem condições de enfrentar Mauro Mendes e todo o DEM tranquilamente. Em relação ao Dilmar Dal’Bosco, que deixou a liderança do governo, já definimos o Leonardo Albuquerque como líder e eu serei o vice-líder da bancada.
Circuito Mato Grosso – Certo, mas acontece que Taques é visto como um político de pouca habilidade, nenhum carisma e ser um turrão, incapaz de ouvir alguém. Por que o acusam disso?
Wilson Santos – A maioria das pessoas que fazem oposição ao Taques hoje é porque tiveram interesses contrariados. Governar atendendo a todo tipo de interesse, sem nenhum critério republicano, é fácil, agora, governar respeitando a lei, numa postura republicana, é natural que se faça muitos adversários e se perca muitos companheiros. A política de Taques é uma política mais séria, de quem não se curva a interesses menores, de quem coloca os interesses da população acima de interesses partidários, tanto que 86% da população veem o Pedro Taques como um homem honesto.
Circuito Mato Grosso – Toda essa confiança advém de pesquisas?
Wilson Santos – Claro. Pesquisas de credibilidade afirmam que o item honestidade é a qualidade nº 1, que 38% dos eleitores usam pra escolher o seu candidato. Então, de todos esses candidatos que temos por aí, o Taques é disparado o mais honesto. E a opinião pública respalda essa minha afirmação.
Circuito Mato Grosso – Os índices de rejeição também são bem altos. O PSDB acredita que pode mudar isso com a campanha de rádio e televisão?
Wilson Santos – Sim. O início dos programas de tevê e rádio é imprescindível. Quando tiver oportunidade de comparar, o Taques vai mostrar que fez muito mais do que todos os seus prováveis concorrentes, um dos exemplos é que ele é um dos poucos governadores que pagam o salário do servidor constitucionalmente em dia, as RGAs. Na Saúde, dobrou o repasse de recursos para a atenção primária, está bancando um terço da construção do novo Pronto-Socorro de Cuiabá, ajuda na manutenção do Hospital São Benedito e em várias UPAs no interior do estado. Nos três anos de gestão Taques, a longevidade do mato-grossense aumentou em quase um ano. Aumentou também o duodécimo constitucional pra área da Saúde, é o primeiro governador que divide o Fethab com os municípios, é um governador que já passa de 20 mil unidades habitacionais construídas e que colocou Mato Grosso como um dos líderes na recuperação econômica do país.
Circuito Mato Grosso – Além da saúde, a segurança pública também é lembrada como calcanhar de Aquiles. Por quê?
Wilson Santos – Na área da segurança, está entre os três melhores governadores do país. Um governador que incorporou ao efetivo da polícia do Estado praticamente 35% de tudo aquilo que foi montado em 180 anos de Polícia Militar. Na área de combate ao desmatamento, avançou muito, ganhando respeito internacional, prêmios em dinheiro. E isso não impediu o crescimento da produção mato-grossense. Na educação, está dando um salto de qualidade com a Escola Plena em tempo integral, com a expansão na Unemat chegando agora em Cuiabá, em quatro anos ele vai dobrar o número de escolas técnicas no estado – quando ele assumiu, eram oito instituições; até o final deste ano serão 15.
Circuito Mato Grosso – Há probabilidade de mudar de partido?
Wilson Santos – Não. Meu destino é o PSDB. Fico, sou candidato, apoio a reeleição de Pedro Taques, apoio Nilson Leitão ao Senado.
Circuito Mato Grosso – O senhor é dos políticos das antigas, porque começou muito cedo, aos 26 anos, viu por isso muitas mudanças no modo de fazer política no Brasil. Era mais fácil ou mais difícil quando o senhor começou?
Wilson Santos – Os políticos eram mais idealistas. Mudou sim, políticos tinham lado, tinham mais coragem, eram mais transparentes. Faziam menos composições e colocavam o interesse da sociedade acima dos interesses pessoais, familiares e empresariais. Sou da escola de Osvaldo Sobrinho, Dante de Oliveira, Gilson de Barros, Coronel Estevão Torquato da Silva, uma escola que imprimiu em mim valores republicanos, éticos. Honestidade é muito importante para nós. Não aceitei o FAP, a aposentadoria precoce; se o tivesse feito, ao final do meu primeiro mandato teria embolsado R$ 7 milhões. Levo uma vida de classe média, temos um patrimônio material rigorosamente equivalente ao que ganhamos nesses 40 anos de trabalho.
Circuito Mato Grosso – Como fez para não fazer parte de negociações mais espúrias, já que a política é a arte de agregar interesses e vontades?
Wilson Santos – Não deveria ser, né? Deveria ser a arte de proporcionar o bem comum. Dom Pedro I, por volta de 1826, cansado de seu ministério, um dia disse à sua esposa, a imperatriz Dona Leopoldina, que seus ministros só se preocupavam com seus próprios interesses, pessoais, empresariais, familiares. Piorou muito hoje em dia.
Circuito Mato Grosso – João Arcanjo Ribeiro foi solto recentemente. Foi o senhor quem propôs a comenda a ele, não?
Wilson Santos – Não. Quem propôs a comenda foi o deputado Paulo Sérgio Moura.
Circuito Mato Grosso – Mas o senhor votou a favor, certo?
Wilson Santos – Sim. Todos votaram. Foi uma votação simbólica e eu não lembro de ter havido voto contrário. Até porque naquele tempo não havia processos contra ele, isso foi por volta de 1997.
Circuito Mato Grosso – O senhor era amigo dele? Visitou-o na cadeia?
Wilson Santos – Não. Conhecia Arcanjo, cruzei com ele em várias oportunidades, mas nunca tive relação comercial com ele nem dá pra dizer que fui amigo dele.
Circuito Mato Grosso – Arrependeu-se dessa votação, de ter participado dessa comenda ou atribui tudo àquele momento?
Wilson Santos – De maneira nenhuma. E hoje eu acho que o momento é que ele pagou por seus erros, a Justiça reconheceu e está dando a ele a progressão da pena, uma oportunidade para reconstruir sua vida sob novos valores, novos princípios. Hoje é um homem de 65, 66 anos, passou quase 15 encarcerado, então tenho certeza absoluta que hoje ele é um homem melhor do que quando lá chegou (ao cárcere).