Este é o pior momento para o governador Pedro Taques tentar passar seu projeto de criação do Fundo Emergencial de Estabilização Fiscal, o popular Fundão, disse o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (que deixou o PSB ontem à tarde). Na percepção dele, Taques conversou pouco e costurou mal o assunto entre os deputados.
“Acredito que tem que ter uma discussão muito grande, porque o clima na Assembleia não é muito favorável à aprovaçãodesse fundo”, disse, durante o ato simbólico de retomada das obras do campus da UFMT em Várzea Grande, hoje (15) de manhã. Na mesma ocasião, o vice-governador, Carlos Fávaro, aproveitou para falar mal do projeto e explicitar o distanciamento com o chefe do Paiaguás.
Este último, aliás, tornou o projeto público e o apresentou à Assembleia mês passado. A ideia é solucionar os problemas financeiros de Mato Grosso a partir da criação do novo imposto e das projeções de arrecadação de até R$ 500 milhões anuais.
Imposto novo nunca pega bem, menos ainda em ano eleitoral. Cientes disso, todos os deputados (boa parte deles empresários e ou produtores rurais) fizeram cara torta para a iniciativa Taques. A cartada apresentada por ele foi a liberação de R$ 18 milhões para emendas parlamentares, relativos a um montante acumulado em três anos de atraso, com garantia de não haverá mais atrasos. O governador conta com a probabilidade de o agrado ter surtido efeito e com a obtenção, a partir disso, de maioria.
Contra esse objetivo pesa o evidente movimento do DEM para, além de abandonar a o projeto de reeleição, lançar candidatura própria (Jayme Campos e Mauro Mendes, com o dissidente Fávaro ao Senado) e ainda sangrar-lhe boa parte do apoio de sua até então base aliada. Os nomes mais notórios em processo de debandada é o próprio Botelho, cujas malas estão prontas para ir para o partido dos irmãos Campos, na companhia de Adriano Silva e, muito provavelmente, Mauro Savi.
O início oficial da debandada do DEM da gestão Taques aconteceu na noite de terça-feira (13), quando Dilmar Dal Bosco foi à tribuna anunciar a renúncia à liderança da bancada governista.