Quando o lixo da Baixada Cuiabana não recebe a destinação correta, ele tem endereço certo: o Pantanal. Especialmente nessa época do ano, as chuvas levam ainda mais dejetos para o leito do rio Cuiabá, desaguando na maior planície alegável do mundo.
Para evitar esse tipo de tragédia ambiental, nos dias 10,11 e 12 de março, o projeto de Comunicação e Educação Ambiental Teoria Verde em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Casa de Guimarães, Assembléia Legislativa, as prefeituras de Cuiabá, Várzea Grande e Barão de Melgaço, voluntários, pescadores e mais 16 entidades realizam o projeto "Ação Voluntária de Limpeza do Pantanal".
Os voluntários irão percorrer um trecho de 60 quilômetros pelo rio Cuiabá para retirada dos resíduos sólidos na região de Barão de Melgaço, incluindo as baías de Chacororé e Siá Mariana e seus corixos, além de outros pontos conhecidos como praia do Boi, Estirão Comprido e Volta do Poço.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) irá disponibilizar servidores da área de educação ambiental e infraestrutura de barcos para colaborar com a limpeza. “Estamos sempre abertos a atender projetos em prol do meio ambiente que partem diretamente da sociedade. Isso demonstra que a população entende que cuidar da natureza é responsabilidade de todos”, defende o secretário da pasta, André Baby.
Além da Sema, pescadores locais e outros órgãos públicos já aderiram ao projeto. Segundo o diretor da Teoria Verde, Jean Peliciari, o objetivo é retirar a maior quantidade de lixo possível e chamar a atenção da população dos 13 municípios que estão nas margens em margens com o rio Cuiabá e que estão acelerando o desequilíbrio da região.
Na manhã de sexta-feira, dia 10/03, alunos das escolas de Barão de Melgaço estarão participando de palestras ministradas com as equipes de Educação Ambiental da Sema, do projeto teoria Verde e da Policia Ambiental. Em seguida, os estudantes estarão participando de uma ação idealizada pela Casa de Guimarães com o artista plástico Luis Segadas. Nas margens do rio Cuiabá, próximo a Escola Coronel Antônio Paes de Barros, Segadas estará produzindo uma instalação em forma de um Pintado confeccionada com material reciclável simbolizando os graves prejuízos que o lixo provoca na população de peixes do Pantanal. “A instalação é além do que ela quer refletir com seu conteúdo, refletir a cultura do descarte. Ela mesma também fala dela, de como a instalação pode ser também uma experiência poética e que pode ser utilizada em novas práticas. Espero que essa instalação possa inspirar outros artistas e, principalmente os jovens, as crianças desse mundo em estado contemporâneo”, explica o artista.
Nos dias 11 e 12 de março, sábado e domingo, cerca de 30 barcos com voluntários e pescadores estarão recolhendo o lixo acumulado nas margens do rio, corixos e nas baías de Chacororé e Sia Mariana.Os rejeitos serão levados para Barão de Melgaço e passarão por uma triagem realizada por catadores que estarão coletando o material reciclável. O restante será levado para Cuiabá.
O Pantanal é um mundo de água. A maior planície alagável do planeta. São 155 mil quilômetros quadrados de área. O engenheiro sanitarista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Rubem Palma de Moura, estima que 45 a 50 toneladas desçem o rio Cuiabá," saíram da região metropolitana de Cuiabá com passagem de ida sem volta", diz.
"Esse lixo dos 13 municípios da Baixada Cuiabana, que margeiam o Rio Cuiabá, está literalmente matando o Pantanal. Então nós temos sim, temos a obrigação de vir tirar e levar de novo esse lixo para as cidades e jogar em um lugar apropriado”, explicou o diretor da Teoria Verde, Jean Peliciari.