No raiar do século XX, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa diversos acontecimentos criaram o 8 de março, que passou a ser uma data comemorativa às mulheres. No contexto das reivindicações e lutas femininas, as mulheres exigiram melhores condições de vida e de trabalho, além do sufrágio feminino, este um dos passos iniciais da trajetória feminista da era posterior à Revolução Industrial.
No Brasil, em 1928, vale lembrar o pioneirismo do Rio Grande do Norte, no governo de Juvenal Lamartine, que autorizou o voto feminino em eleições, até então vedado, ainda que inexistindo proibição de tal natureza na Constituição Federal. Dentre as mulheres precursoras ao direito de voto, que ocorreria somente em 1932, na presidência de Getúlio Vargas, a mineira Mietta Santiago, à época estudante de Direito, conquistou por sentença judicial o direito de votar e de ser votada. Carlos Drummond de Andrade, comovido com a bravura da jovem, escreveu o poema “Mulher Eleitora”, a “loura poeta bacharel”.
Mesmo que os milhares de pegadas impressos no longo caminho de históricas conquistas estejam ficando para trás, à frente vê-se ainda um percurso de lutas que almejam outros direitos. Assim como o papel da mulher não índia vem se transformando na extensa linha da história, o mesmo ocorre com as mulheres indígenas. A elas, novos desafios são impostos, especialmente àquelas que buscam outros caminhos para além das tradições culturais que emolduram diferentemente cada etnia e que, certamente, modificam-se com o tempo, como em qualquer outra cultura.
Às mulheres, indígenas e não indígenas, homenagens sonoras. E para dar o tom musical ao glorioso dia, Djuena Tikuna, “cantora do movimento indígena”, a primeira indígena a se apresentar no Teatro Amazonas, depois de 121 anos de existência da pomposa casa de espetáculos. Que sua voz alcance todos os cantos do Brasil para saudar o percentual de 51,6% de mulheres brasileiras, sem nunca esquecer as 130 operárias tecelãs brutalmente assassinadas em Nova York, em 1857.