Alan Zanatta assumiu total responsabilidade pelo áudio gravado da conversa que teve com o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio Corrêa. Ao ser questionado se o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) tinha conhecimento que ele gravaria a conversa, Zanatta disse que não e que iniciativa seria só dele.
“A iniciativa [de gravar o áudio] foi minha. O Estado estava passando por momentos de turbulência, então fui à casa do Silvio e gravei por proteção, para me resguardar. Não sabia o que ele queria comigo. Quando o 'Coxinha' [que seria um funcionário de Sílvio] foi me buscar no apartamento, me deu esse estalo e resolvi gravar”, disse.
Segundo Zanatta, no encontro com Sílvio, eles tiveram uma conversa aberta, falaram sobre o cenário político do Estado, as situações que estavam ocorrendo e citaram políticos. De acordo com ele, foi uma “conversa tranquila”.
“No áudio da para ouvir que o Silvio falou primeiro o nome do Emanuel. Quando cheguei em casa, eu ouvi o áudio de novo e vi que ele citava o prefeito e o irmão dele, então eu liguei para o Emanuel e disse que precisava vê-lo”, contou aos vereadores.
Sílvio então narra que foi ao encontro de Emanuel e disse sobre o material gravado e perguntou se o prefeito gostaria de ficar com o áudio. “No mesmo dia eu estive na casa do Prefeito Emanuel e levei o aparelho da gravação e falei para ele: Eu estou com esse áudio e ele cita seu irmão e você. Você quer ouvir, quer dar uma olhada nesse material? Ele perguntou se eu poderia deixar com ele, eu deixei com ele e no outro dia eu peguei o aparelho de volta, ele copiou para um pen drive e fui embora para Goiânia”.
Os vereadores questionaram se o áudio foi adulterado em algum momento e Sílvio nega, dizendo que tudo foi entregue sem nenhuma vírgula alterada. “Da mesma forma que foi gravada, foi entregue ao Emanuel”, ressaltou. Sobre o áudio não estar em boa qualidade, o ex-secretário responde que se ele tivesse gravado de forma premeditada teria usado um aparelho melhor, mas como não foi, o equipamento usado não era bom. “Eu nem entendo de tecnologia”, justificou.
Zanata é questionado se tentou induzir o ex-chefe de gabinete a ajudar o prefeito Emanuel Pinheiro. "Não. Em nenhum momento. Tanto que citamos outros parlamentares. Eu passei a gravação para Emanuel porque naquele momento eu senti que o mesmo estava sendo mais prejudicado por estar ocupando o cargo de prefeito. Ele tinha mais visibilidade do que os outros deputados. Eu levei a ele para saber se servia para alguma coisa”.
O ex-secretário citou que na gravação em nenhum momento tentou induzir Sílvio Corrêa para absorver Emanuel do suposto recebimento de propina. “O que eu falei está gravado. Eu não só falei o nome do Emanuel, falei de outros como o Silval, que trato como Barbosinha, Barbosão”, disse.
Como conheceu Emanuel Pinheiro?
Os vereadores perguntaram qual era o nível de amizade entre o ex-secretário e o prefeito. O mesmo contou que conheceu Emanuel como deputado Estadual, quando era empresário em Várzea Grande, porém a esposa de Alan teria uma relação com a família da esposa do prefeito, Márcia Pinheiro.
“Conheço Emanuel, ele é meu amigo. Mas, é cada um no seu quadrado. Eu já fui em muitas oportunidades na casa dele, a minha esposa é amiga da dele já fui busca-la na casa dele e em outros locais públicos com outras lideranças e políticos”, contou.
Zanata diz que nunca teve conhecimento de que Emanuel teria recebido propina de Silval Barbosa. “Não tenho detalhes sobre a pesquisa, Mas na época eu apoiei o candidato ao governo, não tenho detalhes com a data e nem contrato. Ouvi esta semana pela imprensa que a relação entre eles vem de 2010. Conheço o Popó, mas não é meu amigo”.
Advogado de defesa interrompe sessão
O vereador e presidente da CPI, Marcelo Bussiki, questionou Zanatta sobre o esquema milionário de fraudes e propina dentro da Secretaria de Estado de Fazenda e que beneficiou a empresa Caramuru Alimentos S/A. Nesse momento, o advogado de defesa do Prefeito, André Stumf, interrompe a fala de Zanatta e pede questão de ordem, pois segundo ele o assunto nada tem a ver com a CPI.
O vereador Felipe Wellaton (PV), disse, porém que a testemunha é obrigada a responder todas as perguntas. Zanata negou ter conhecimento dos fatos.
Conflito em depoimentos
Zanatta foi pressionado a falar sobre de quem foi a iniciativa de marcar o encontro entre ele e Sílvio Corrêa. O vereador Gilberto Figueiredo (PSB), lembrou que quando o ex-chefe de gabinete foi ouvido na CPI, teria dito que a iniciativa de gravar a conversa foi de Zanatta, que teria dito ao contrário.
“Eu desafio fazer uma acareação. Isso começou em outubro de 2016. Encontrei o Silvio porque o Coxinha marcou. Tanto que o Coxinha me buscou. Eu estou falando a pura verdade. Tanto que no final ele [Silvio] deixou claro que me chamou para me pedir um empréstimo”, disse Zanatta.
Neste momento, o vereador Abílio Junior (PSC) apresentou requerimento pedindo oitiva com Coxinha. Já o vereador Dilemario Alencar (Pros) apresentou outro requerimento pedindo acareação entre Silvio e Zanatta, Em razão das divergências nos depoimentos de ambos.
O presidente da CPI, Marcelo Bussiki, perguntou se Zanatta abriria mão de seu sigilo telefônico de Janeiro até a data da gravação para saber quem ligou pra quem.
"Não sei dizer agora. Mas se meu jurídico entender que não há problema, por mim não há problema nenhum", disse.