Política

Após rebelião, Exército faz operação em presídio na Baixada Fluminense

A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio e as Forças Armadas iniciaram na manhã desta quarta-feira (21) operação conjunta na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, onde houve rebelião no último domingo (18).

O objetivo é fazer uma varredura nas instalações em busca de materiais não autorizados, como armas, telefones celulares ou drogas. Na madrugada de segunda (19), após o fim da rebelião, foram apreendidos um revólver, duas pistolas e uma granada de efeito moral.

A rebelião foi iniciada na tarde de domingo (18), depois que agentes penitenciários frustraram uma tentativa de fuga. Na hora da contagem dos presos, oito agentes e dez detentos foram feitos reféns por um grupo.

No mesmo dia, a Seap havia anunciado que antecipou reforço na segurança dos presídios após o anúncio da intervenção federal na segurança pública do Estado, que foi feito na sexta (16).

O objetivo é evitar tentativas de fuga e conter eventuais instabilidades no sistema carcerário do Estado, que tem cerca de 51 mil detentos em presídios com 31 mil vagas.

Na operação desta quarta (21), as Forças Armadas cooperarão com cães farejadores e especialistas em detecção de metais. Os agentes da Seap realizarão vasculhamento e varredura tátil.

"Os militares, em nenhum momento, estabelecerão contato com os detentos", afirmou a Seap. Todos os presos serão evacuados à medida em que os pavilhões forem inspecionados.

A Penitenciária Milton Dias Moreira tem capacidade para 884 detentos, mas mantinha 2.027 em janeiro, segunda dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). É uma unidade "neutra", ou seja, para presos não ligados a facções criminosas.

De acordo com a Seap, a operação está sendo acompanhada pelo CML (Comando Militar do Leste), mas ainda está respaldada pelo decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e não da intervenção federal.

COLAPSO

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 18 PMs foram assassinados no Estado -foram 134 em 2017.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do Estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros Estados com patamares ainda piores. No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

Redação

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