Nacional

Próteses de silicone só poderão ser vendidas no país após certificação do Inmetro

Com isso, fica suspensa a comercialização dos implantes mamários, tanto importados quanto nacionais. Na tarde desta quarta, o Inmetro informou que vai publicar até o dia 31 de março uma portaria definitiva que define a certificação das próteses.
Os produtos serão avaliados quanto à segurança em ensaios mecânicos, biológicos e químicos nos laboratórios indicados pelo Inmetro ou pela Anvisa. Após a publicação da portaria, a Anvisa determinará os prazos de adequação para importadores, fabricantes e comerciantes. Quanto às próteses nacionais, o gerente geral de tecnologia de produtos da saúde da Anvisa, Joselito Pedrosa, disse que todos os implantes que forem fabricados até a data de publicação da norma no Diário Oficial poderão ser vendidas. Depois disto, é preciso esperar a certificação começar a ser feita para que o mercado seja normalizado. Além do prazo para a realização dos exames de segurança, os procedimento também dependem da capacidade de coleta de amostra das empresas. Pedrosa não soube precisar quanto tempo isto vai levar, mas descartou o risco de faltarem implantes no mercado nacional.
– Os médicos têm próteses em estoque, e não temos certeza da quantidade de pessoas que estão com cirurgias programadas para este período. Mas o risco de desabastecimento é relativo – afirmou o representante da agência. – Cirurgias estéticas são agendadas com antecedência, o que também acontece com as reparadoras.
As próteses são usadas tanto para cirurgias estéticas quanto para mastectomias, quando, por exemplo, a mulher precisa retirar a mama após a descoberta de um tumor. Segundo Pedrosa, a publicação da norma pela Anvisa suspendendo a comercialização das próteses antes da publicação pelo Inmetro das diretrizes de certificação já estava prevista. Ele explicou que o instituto precisa que a Anvisa estabeleça os requisitos mínimos de qualidade para complementar a regra com os técnicos.
– Uma coisa é sequencial à outra – conclui Pedrosa.
O intervalo entre a entrada em vigor da norma da Anvisa e o início da certificação dos produtos gerou temor entre os representantes de sociedades médicas. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, é possível que faltem implantes no mercado nacional.
– Claro que vão faltar próteses durante um tempo. As clínicas têm um estoque de implantes, mas não é grande – disse Aboudib.
O representante da SBCP elogiou, no entanto, a medida da Anvisa, para evitar escândalos como o das próteses francesas da PIP e a holandesa Rofil, que tinham taxa de ruptura maior que a das outras marcas e era preenchida com silicone industrial. A Anvisa suspendeu o registro destes produtos no país no fim do ano passado.
– A forma pode ser contestada, mas a medida é necessária. Somos favoráveis a qualquer medida em prol da segurança das pacientes.
De acordo com a Anvisa, o mercado brasileiro tem hoje 20 fabricantes de silicone: 18 internacionais e duas nacionais, Silimed e Lifesil. Procurado, o dono da Lifesil, o médico Jorge Wagenfuhr, disse não ter conhecimento da medida da agência:
– O que eu sei é que a decisão não afeta os implantes nacionais. Os fabricantes brasileiros, inclusive, estão ajudando a Anvisa em relação à análise de qualidade dos implantes mamários.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini, também não sabia que a norma começaria a valer antes da definição sobre a certificação das próteses pelo Inmetro. Ele criticou qualquer medida que desabasteça o mercado.
– Nossa posição é absolutamente contrária à retirada do mercado próteses que vêm sendo usadas na população há muito tempo e sem problemas. Se essa norma começar a valer amanhã, vai exatamente de encontro a tudo o que estamos conversando com Anvisa, Ministério da Saúde e outras entidades para estabelecer as diretrizes de segurança para as próteses. Em nenhum momento, a ideia é criar esta instabilidade.

As próteses terão que passar por análises em laboratório para checar itens como a resistência do material e a composição do silicone. A certificação vai incluir ainda uma inspeção na linha de produção do material. É bem parecido com o que já acontece com os preservativos importados. Os produtos também passarão a apresentar etiqueta de rastreabilidade.
Os registros de próteses importadas hoje são dados após a apresentação pela empresa importadora de estudos que comprovem a eficácia e segurança do produto. Esses testes são refeitos quando da renovação deste registro. O escândalo das próteses PIP e da holandesa Rofil, no entanto, reabriu a discussão no país sobre a segurança desses implantes e as regras foram colocadas em xeque. Já as produtoras nacionais recebem visitas anuais de avaliação da agência nas fábricas.
A Anvisa também decidiu na última terça-feira que os médicos têm de informar às pacientes sobre o risco de implante destas próteses de silicone e também sobre a vida útil do produto. Cerca de 20 mil brasileiras foram atingidas pelas fraudes do implantes mamários da PIP e da Rofil.

Fonte: OGLOBO

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus