Dia 2 de fevereiro tem festa nos mares do Brasil; é a louvação à divindade Yemanjá, originalmente Senhora das águas do rio que depois passou a ser tratada como Senhora do mar nas terras americanas. Uma das maiores festas de Yemanjá de nosso país acontece em Rio Vermelho. Não se sabe ao certo quando ela ocorreu pela primeira vez; Manoel Querino colheu a história de que durante a Guerra da Independência da Bahia os moradores do Rio Vermelho abandonaram seus lares em virtude dos ataques dos soldados portugueses e em 13 de fevereiro de 1823 um grupo de pescadores foi fazer um reconhecimento na povoação abandonada. Na situação sentaram-se uns, deitaram-se outros, nas trincheiras à beira-mar ao lado da igreja. Em dado momento apareceu uma velha e disse: “Meus filhos, o que fazem aí? Olhem que os portugueses vêm aí”.
Instantes depois chegaram os portugueses e foram logo atirando à queima-roupa contra os pescadores e então uns se jogaram ao mar e outros fugiram por terra para se livrar da morte. Terminada a guerra, os pescadores do Rio Vermelho instituíram a romaria em recordação do aviso que tiveram livrando-se de uma morte certa. Depois, outros pescadores, já no século XX, identificaram a velha senhora da história como sendo Santa Ana. Lenda ou realidade, o fato é que desde 1820 era feita uma grande romaria de jangadeiros no mar do Rio Vermelho, mais tarde essa festa já era conhecida como a Festa de Nossa Senhora de Sant’Anna e somente a partir de 1930 é que se transforma na Festa da Rainha do Mar, Yemanjá, numa provável transferência territorial de um culto ancestral, antes realizado em outras praias e lagoas da cidade de Salvador e de todo o país.
Nasceu assim a que hoje conhecemos como Festa de Iemanjá, no dia 2 de fevereiro, data simbólica da purificação, uma das duas grandes datas de festas católicas consagradas no mundo à Mãe de Jesus. Em 2 de fevereiro os baianos católicos cultuam, ainda hoje, Nossa Senhora das Candeias, entre outras. Na tradição do Terreiro Agboulá, do culto a eguns da Ilha de Itaparica, no povoado de Ponta de Areia, se fazem diversas ações comunitárias, em que se tem ainda a tradição do cortejo passar em frente à Igreja de Nossa Senhora das Candeias, prestam homenagens e seguem para a praia, onde fazem a entrega à rainha das águas doce e salgada.
O Brasil é o centro do mundo, onde as culturas e tradições de toda a humanidade se encontram e vivem em perfeita harmonia e diálogo e as comemorações à Rainha do Mar em seu dia é um exemplo claro disso. Não importa se a chamamos de Maria, Mãe dos Navegantes, Mãe D’água ou Yemanjá, o que importa é sua presença materna, sob várias faces, sempre a nos acalentar.
Odoyá!!!