A cúpula petista voltou a falar sobre "resistência" e "luta nas ruas" dias após a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, declarar que "para prender Lula vai ter que matar gente", e o líder do partido no Senado, Lindbergh Farias, dizer que não é hora para "uma esquerda frouxa".
"Eles mexeram num vespeiro", disse Gleisi na segunda (22), em Porto Alegre, a dois dias do julgamento do petista no TRF-4. "Se eles queriam fazer enfrentamento político, deram a largada."
Para a dirigente partidária, o Brasil está numa "bifurcação histórica". "Ou a gente enfrenta este processo, mostra que vai ter resistência neste país, ou eles vão passar por cima de nós."
Pouco antes, Lindbergh havia dito a estudantes que, se a Justiça mostrou ter lado, era preciso entender que "só a luta institucional não vai nos levar a lugar nenhum".
"Se vocês querem apostar na irresponsabilidade dobrada, se querem colocar o país na instabilidade política, venham porque estamos prontos para lutar nas ruas deste país."
A senadora voltou a criticar a repercussão da declaração que fez sobre ser preciso "matar gente" caso Lula fosse preso.
"Não vi essa indignação com a morte de Cancellier [reitor da Universidade Federal de Santa Catarina que se matou após ser preso e liberado em operação da PF]", disse.
"Daí faço uma fala, que é uma força de expressão, e eles surtam. É absurdo o que estamos vivendo. O que estão fazendo de incitação à violência desde o golpe da Dilma é uma barbaridade. Aí quando queremos levantar o tom da voz nós não podemos?"
Coordenador do MST, João Pedro Stédile saiu em defesa de Gleisi. Segundo ele, a petista foi infeliz ao "entender que poderia existir algum conflito", mas o que importa é "a gente, quando diz bobagem, reconhecer".
Gleisi disse o que disse "no calor dos embates", afirmou Stédile no acampamento da Frente Brasil Popular, com 88 movimentos sociais pró-Lula.
Para ele, foi o prefeito Nelson Marchezan Jr. que "criou uma celeuma" ao pedir o apoio das Forças Armadas para ajudar na segurança.
Ida de Lula
Ontem, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta terça-feira (22) a Porto Alegre. Ele deverá participar de um ato em defesa de sua candidatura. Contrariando sua assessoria jurídica, que teme impacto no julgamento, Lula tomou uma decisão pessoal, segundo Gleisi.
"É uma decisão de coração", disse. Ele não deve ficar para o dia do julgamento.
Segundo o vice-presidente do PT, Alexandre Padilha, Lula deverá voltar a São Paulo na noite da própria terça: "Vem para agradecer essa manifestação de solidariedade".