No local do crime, na Rua 2, homens do Grupamento Tático de Motociclistas do batalhão chegaram a uma casa arrombada que servia de abrigo para traficantes. No imóvel, foram apreendidos cinco pistolas, três granadas e 1.505 papelotes de cocaína.
Os explosivos estavam preparados para detonação, o que tornou necessária a ação de homens do Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Civil para remover os artefatos. Foram encontrados também 254 balas de pistola calibre 9 mm, cadernos com anotações de venda de drogas e substâncias usadas para misturar à cocaína e aumentar seu valor comercial.
O material apreendido foi levado para a 14ª DP (Leblon), mas o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios. Durante a madrugada, agentes da unidade especializada estiveram na favela. Policias do Batalhão de Choque que participaram da ação contaram que o pai de uma das vítimas confirmou que seu filho era traficante e fazia parte de uma quadrilha rival a de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na favela preso há quatro meses quando tentava fugir de um cerco policial no porta-malas de um carro de passeio.
No Hospital Miguel Couto, na Gávea, um outro homem vindo da Rocinha deu entrada na emergência com ferimento a bala durante a madrugada, mas a polícia ainda não sabe dizer se o ferido era traficante.
Apesar da ocupação da Polícia Militar, iniciada em novembro do ano passado, a Rocinha tem sido alvo de conflitos entre traficantes nas últimas semanas. Em 16 de fevereiro, uma disputa pelo poder decretou a morte de pelo menos dois homens. Um deles, Thiago Schimmer Cáceres, o Leão ou Pateta, substituto de Nem no comando do tráfico da favela foi morto na mesma Rua 2. Na ocasião, Rodrigo Tavares de Paula, o Rodrigo PQD, também foi morto.
Antes da ocupação policial, traficantes transformaram a Rocinha e o Vidigal num entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana ocupadas por UPPs teriam buscado refúgio na Rocinha e só na comunidade havia mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. A Rocinha era estratégica para o tráfico por seu faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e sua localização, cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial).
Fonte: OGLOBO