O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), ex-procurador que ganhou destaque por combater a corrupção, entra no último ano de mandato com seu futuro político incerto, após denúncias sobre seu governo.
A tentativa de reeleição dependerá da colaboração de poucos aliados que o tucano ainda tem. Caso contrário, poderá disputar novamente uma cadeira no Senado.
Em 2015, Taques ganhou projeção nacional ao ser o primeiro governador a apoiar o impeachment de Dilma Rousseff. Em seguida, deixou o PDT e se filiou ao PSDB tendo o então presidente do partido, Aécio Neves, como um dos principais apoiadores.
Taques tem como padrinho político o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), que deve ser peça fundamental em 2018.
Ex-procurador da República, Taques ingressou na política após ter se destacado em casos de combate a corrupção ao crime organizado. Em 2002, assinou o pedido de prisão que levou o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) à cadeia.
Também liderou as investigações que resultaram na Operação Arca de Noé em Mato Grosso, com a prisão do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, então chefe do crime organizado no Estado.
Após passar anos sob escolta policial, Taques deixou a carreira em 2009 para disputar o Senado em 2010 e, após quatro anos, o governo. Venceu nas duas.
CAIXA DOIS
Após três anos de governo, Taques se tornou alvo da delação do ex-governador pelo PMDB Silval Barbosa.
Hoje em prisão domiciliar, Barbosa disse em depoimento que houve caixa 2 em 2014 na eleição do atual governador e que liberou R$ 10 milhões para a campanha do hoje tucano.
Taques falou na época que o delator foi seu adversário político e que hoje tenta "fazer vingança pessoal".
O governador também viu seu nome ser envolvido em um suposto esquema de fraudes em licitações na Secretaria da Educação de Mato Grosso, com pagamento de propina de empresários com o objetivo de quitar dívidas de campanha.
O caso, revelado em 2016, levou o ex-secretário Permínio Pinto para a cadeia.
Recentemente Taques se tornou investigado pelo Superior Tribunal de Justiça por conta do chamado "escândalo dos grampos", que envolvia uma central de interceptações telefônicas clandestinas contra adversários políticos, advogados, jornalistas e magistrados.
Ele nega ter cometido qualquer irregularidade e defendeu a investigação para que o assunto seja esclarecido.
Na administração pública, o governador do PSDB também vem enfrentando percalços com os servidores.
A crise financeira do Estado fez com que os salários dos funcionários fossem escalonados por alguns meses, após 20 anos de pagamento em dia.
À reportagem Pedro Taques evitou falar sobre as eleições deste ano. O assunto, diz, só será discutido por ele a partir de março. "Atualmente sou candidato a ser um bom governador para o meu Estado".